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SEMENTES DA DISCÓRDIA
Sem visto, missão não consegue ir a Pequim discutir veto; governo rejeita adotar ação contra a China
Impasse cresce, mas Brasil descarta ir à OMC
ANDRÉ SOLIANI
EM SÃO PAULO
Mesmo depois de um pedido
pessoal dos ministros Roberto
Rodrigues (Agricultura) e Luiz
Fernando Furlan (Desenvolvimento) a autoridades chinesas, a
missão brasileira que tentaria
convencer o governo da China a
facilitar a entrada de soja brasileira no país teve de ser adiada.
Os chineses alegam que o secretário de Defesa Agropecuária do
Ministério da Agricultura, Maçao
Tadano, não pode entrar no país
sem convite formal. "A embaixada da China não concedeu o visto
porque não tinha o convite", disse
Rodrigues. Como o convite não
pôde ser providenciado, o mais
provável é que a missão tenha de
esperar até a semana que vem.
Rodrigues determinou anteontem que Tadano liderasse a missão, assim que soube que o parceiro comercial havia recusado mais uma carga de soja do Brasil e
proibido mais 15 empresas de exportarem para o país.
Apesar de mais esse novo desencontro com a China, tanto
Furlan como Rodrigues descartaram a hipótese de recorrer à OMC
(Organização Mundial do Comércio) para solucionar o impasse. Furlan disse que se trata de
"questão ocasional". Segundo ele,
caso seja comprovado no futuro
que se trata de uma barreira à exportação brasileira, o governo poderá entrar na OMC. Para Rodrigues, a solução será obtida via negociação. Pelas regras da OMC,
apenas países, e não empresas,
podem entrar com recurso.
No total, 23 empresas estão
proibidas de vender soja para os
chineses. Segundo Rodrigues, o
impacto nas exportações para a
China será relevante. O prejuízo,
de acordo com ele, poderá ultrapassar US$ 1 bilhão -que se refere à soja recusada e, principalmente, à queda de preços do mercado internacional. Furlan, porém, afirma que não será preciso
mudar a atual meta de exportações do país (US$ 83 bilhões).
Pedidos
Na manhã de ontem, Rodrigues
e Furlan pediram pessoalmente
ao vice-ministro de Comércio da
China, Yi Xiaozhun, e ao embaixador chinês em Brasília, Jian
Yuande, para interceder nas autoridades do seu país e tentar viabilizar uma reunião. As duas autoridades chinesas estavam ontem
em São Paulo.
Mesmo depois do adiamento da
missão por motivos protocolares,
Rodrigues sustentou que os chineses mostraram boa vontade. A
missão para a China tem como
objetivo convencê-los a aceitar o
padrão de qualidade para a soja
estabelecido pelo governo brasileiro na semana passada.
Xiaozhun também afirmou
acreditar que seria possível encontrar uma solução para o problema. Ponderou que o embargo
à soja brasileira se trata de uma
questão de saúde humana.
Queda-de-braço
A China não aceita a presença
de nenhuma semente tratada
com fungicida nos carregamentos
de grão. O Brasil permite até uma
semente tratada por quilo do produto ou carregamentos, cujas
análises laboratoriais dêem um
resultado abaixo dos limite máximo de toxicidade estabelecidos
internacionalmente.
Para tentar evitar a recusa de
novos carregamentos, Rodrigues
sugeriu à China que inspecione as
cargas antes de deixarem o país.
O custo do serviço dos inspetores no país seria pago pelos exportadores. A inspeção prévia de cargas já acontece no embarque de
frutas para os Estados Unidos e
para a União Européia.
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