São Paulo, sábado, 16 de junho de 2007

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Governo quer mudar Lei dos Portos para atrair investidor

Forma de contratação das empresas que fazem a dragagem deverá ser modificada

Ministro diz que modelo atual é "oligopólio" e quer abrir licitação internacional; para empresas, medida pode não surtir efeitos

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo pretende fazer mudanças nas Lei dos Portos (nš 8.630/1993), principal marco regulatório do setor, para estimular investimentos privados. Uma das mudanças deverá vir por meio de medida provisória: modificação na forma de contratação das empresas que fazem a dragagem dos portos para aumentar competição e diminuir custos.
"Hoje só são três empresas. É um oligopólio que não permite reduzir preços, não permite rapidez, não permite máquinas modernas. Então nós queremos abrir uma licitação internacional", disse Pedro Brito, ministro da Secretaria Especial de Portos. Segundo o ministro, em vez de serem contratadas para executar um serviço específico, as empresas de dragagem receberão concessões de cinco anos, renováveis por mais cinco anos.
Enquanto forem concessionárias de dragagem, as empresas terão a obrigação de manter o calado (profundidade) dos canais dos portos. A remuneração do serviço virá de taxas cobradas pelos portos de seus usuários, e não de repasses das companhias Docas. Portos grandes, como Santos ou Rio de Janeiro, terão uma concessionária só para eles. Portos menores serão agrupados e ficarão sob a responsabilidade de uma mesma concessionária.

Mercado
As principais empresas nacionais de dragagem são a Bandeirantes, a Dragaport e a Enterpa. No mercado, a avaliação é que a medida pode não surtir os efeitos desejados pelo governo. "Nunca foi proibido dragagem estrangeira. Existia uma proteção a [navios] de bandeira brasileira, mas já não existe há dois anos", afirmou Octávio Bertacin, diretor da Dragaport.
Segundo ele, o mercado internacional de dragagem é dominado apenas por quatro grandes companhias multinacionais: Dredging International (belga), Jan De Nul (belga), Boskalis (holandesa) e Van Oord (holandesa). "Essas empresas já atuam no Brasil", disse o executivo.
Bertacin explicou que a Van Oord opera no Brasil por meio da empresa Somar, com obras nos portos de Aratu (BA) e Salvador. Já a Dredging International faz a dragagem do terminal da CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico) no porto de Sepetiba/Itaguaí (RJ), por meio da empresa Deme.
O diretor da Dragaport nega que haja cartelização no setor. "Não tem cartel, tem disputa", afirma. Segundo o executivo, para que haja competição com as gigantes internacionais do setor é preciso condições iguais. "Senão é uma competição entre aspas. Elas precisam pagar os mesmos encargos sociais que nós [pagamos]."
De acordo com Ricardo Sudaiha, diretor da Bandeirantes, empresas estrangeiras pagam muito menos pelo combustível que usam em seus navios e podem usar tripulações de países que têm menor custo trabalhista. "Qualquer solução que for dada tem que ter o cuidado de não matar a empresa nacional", afirmou o executivo.
Na avaliação de Sudaiha, as grandes multinacionais do setor estão mais interessadas em projetos como a construção de ilhas artificiais em Dubai (Emirados Árabes) para projetos imobiliários. "Hoje há falta de dragas no mundo", disse. Segundo ele, o Brasil tem apenas 0,5% do mercado de dragagem no mundo e não seria atrativo para essas empresas.


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