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Sócios na VarigLog desviaram dinheiro, diz fundo dos EUA
Matlin acusa brasileiros de abrirem empresa nos EUA e transferirem R$ 4,7 mi
Fundo afirma que dinheiro foi enviado horas depois de juiz ter determinado afastamento de sócios; advogado diz que acusações são falsas
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O fundo americano Matlin
Patterson acusa os sócios brasileiros da VarigLog de terem
aberto uma empresa de fornecimento de peças para aviões
em Miami, a Solutions, e de terem efetuado pagamentos a ela
que totalizam R$ 4,7 milhões
entre 2007 e 2008.
Isso ocorreu, segundo o fundo de investimentos, sem conhecimento ou autorização dos
sócios. De acordo com o "Relatório de Diagnóstico da VarigLog", a Solutions recebeu da
companhia aérea R$ 1,44 milhão em fevereiro deste ano.
O fundo americano acusa os
sócios brasileiros de terem feito a transferência no dia 15 de
fevereiro, horas depois do fim
da audiência judicial em que o
juiz José Paulo Magano, da 17ª
Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo, determinou o
afastamento deles do comando
da companhia.
"Marco Antonio Audi retirou-se de inopino da sala de audiências. Na mesma data, foi
realizada a transferência de
vultosos valores das contas
bancárias da VarigLog para o
pagamento da empresa Solutions", diz um trecho da petição
judicial em que advogados do
fundo acusam os sócios brasileiros de descapitalizarem a
companhia.
O relatório de diagnóstico foi
encomendado pelo interventor
da VarigLog, nomeado por Magano em março deste ano. O documento também mostra pagamentos de R$ 291 mil à Tucson
Aviação Ltda., de propriedade
de Audi.
O documento, que sugere a
falência da VarigLog como uma
das opções para a companhia,
mostra que sua dívida total, em
março deste ano, era de R$ 765
milhões, dos quais R$ 510 milhões eram referentes ao empréstimo da Volo para a VarigLog. Cita ainda impostos devidos no valor de R$ 51 milhões.
Quando o relatório foi feito,
os vôos internacionais da empresa haviam sido suspensos
um mês antes por falta de
aviões. O faturamento mensal,
que no passado já havia sido de
R$ 48 milhões, era de R$ 12 milhões. A VarigLog, diz o relatório, tinha em março uma estrutura para abrigar uma empresa
com 40 aviões, mas apenas
quatro estavam em operação.
O relatório cita que as peças
para o novo estoque da VarigLog eram compradas pela Solutions, que as enviava para o
Rio de Janeiro e depois para o
aeroporto de Guarulhos, em
São Paulo. O responsável pelas
compras, segundo o relatório,
não soube informar por que as
peças não eram remetidas diretamente para São Paulo.
A consultoria contratada para produzir o relatório encontrou vários problemas na empresa. "As contratações não seguem as formalidades exigidas
pelo estatuto social da empresa. Vide a contratação da empresa Construtora Brasil Central Araguaia, que realizou as
obras de reforma do prédio sede da VarigLog", diz o texto.
No processo judicial em que
os sócios travam uma batalha
pelo comando da VarigLog, o
Matlin Patterson também acusa os empresários brasileiros
de pagarem bônus no valor total de R$ 1 milhão a diretores da
companhia em troca de procuração exclusiva para movimentar cerca de US$ 95 milhões,
que mais tarde foram parar em
uma conta na Suíça.
Um ex-presidente da companhia, por exemplo, tinha um salário de R$ 60 mil, e o valor da
sua rescisão contratual é apontado como sendo de R$ 1,69 milhão. Outros diretores tinham
salários que variavam de R$ 30
mil a R$ 45 mil.
Segundo o relatório, o administrador judicial informou
que a empresa deveria ter parado em 24 de março deste ano
devido à sua situação financeira e operacional.
Outro lado
O advogado dos sócios brasileiros, Alexandre Thiollier, nega que Audi seja dono da Solutions e afirma que todas as denúncias feitas pelo fundo são
falsas. Thiollier disse que Lap
Chan tinha conhecimento das
transferências feitas pela VarigLog e que isso está provado em
e-mails, documentos e testemunhos anexados ao processo.
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