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VÔO ERRÁTICO
PIB terá expansão entre 2,5% e 2,75% neste ano, diz Greenspan; juros devem permanecer em níveis baixos
Fed corta previsão de crescimento dos EUA
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
O Federal Reserve (banco central dos EUA) diminuiu ontem
em 0,75 ponto percentual sua previsão de crescimento para a economia americana neste ano. Sua
nova estimativa é que o Produto
Interno Bruto do país tenha um
aumento real entre 2,5% e 2,75%.
O corte -que apareceu na previsão semestral enviada ao Congresso americano- equivale, no
mundo real, ao desaparecimento
de cerca de US$ 75 bilhões.
Ao mesmo tempo, o presidente
do Fed, Alan Greenspan, declarou
que prevê melhora na economia
neste segundo semestre. Para isso, afirmou Greenspan ao Congresso, o Fed baixará tanto quanto preciso as taxas de juros para
realimentar o crescimento dos
EUA, após um primeiro semestre
bem distante do ideal.
"O Fomc [comitê de política
monetária] segue pronto para
manter uma política acomodativa
o tempo necessário para conseguir uma performance econômica satisfatória", disse Greenspan.
Seu espaço de manobra nesse
campo, porém, não é muito grande, já que a taxa dos fundos federais já está em 1%, a mais baixa
desde os anos 50. Reduzir ainda
mais os juros pode colocar em xeque os retornos de fundos de investimentos, porque as taxas ficariam baixas demais para bancar
as operações.
"Medidas de afrouxamento
monetário como compra de títulos não estão na agenda, mas, se
preciso, a porta ainda está aberta
para taxas de juros mais baixas",
disse David Rosenberg, economista-chefe para a América do
Norte do banco Merrill Lynch.
Segundo a visão de Greenspan,
o crescimento seria impulsionado
pelos gastos de consumidores
-que, por sua vez, aumentariam
como decorrência do corte de impostos aprovado pelo Congresso
norte-americano.
Por causa disso, a previsão de
crescimento do Federal Reserve
para o ano que vem é bem mais
otimista: em termos reais, o PIB
aumentaria entre 3,75% e 4,75%.
No relatório enviado ao Congresso, o Fed põe parte da culpa pela
falta de aceleração da economia
no primeiro semestre no conflito
no Iraque.
"Muitos dos dados da economia
refletiram decisões tomadas antes
da guerra", escreveu o banco central americano. Essa análise, porém, não é consensual.
Riscos
"Nós discordamos de algumas
das previsões do presidente [do
Fed]. Particularmente, não acreditamos que o desempenho abaixo do potencial da economia se
deva sobretudo a questões de governança corporativa ou incertezas geopolíticas. Os problemas
são muito mais profundos. O estouro da bolha do mercado de capitais desencadeou ajustes nos
balanços que ainda estão ocorrendo", afirmou William Dudley,
economista-chefe da Goldman
Sachs, ao comentar os argumentos mostrados pelo Fed.
Deflação
Greenspan disse ainda que continua preocupado com o perigo
de que a economia americana entre em deflação.
"Uma taxa muito baixa de inflação aumenta o risco de que um
choque adverso na economia seria mais difícil de ser controlado
efetivamente", afirmou ele.
As declarações do presidente do
Fed causaram estrago no mercado. A Bolsa de Nova York fechou
em baixa de 0,52%. Os títulos federais também foram afetados, e
investidores correram para se livrar dos papéis.
Leia a íntegra do discurso de Alan
Greenspan na
www.folha.com.br/031951
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