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São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 2003

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VÔO ERRÁTICO

PIB terá expansão entre 2,5% e 2,75% neste ano, diz Greenspan; juros devem permanecer em níveis baixos

Fed corta previsão de crescimento dos EUA

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

O Federal Reserve (banco central dos EUA) diminuiu ontem em 0,75 ponto percentual sua previsão de crescimento para a economia americana neste ano. Sua nova estimativa é que o Produto Interno Bruto do país tenha um aumento real entre 2,5% e 2,75%.
O corte -que apareceu na previsão semestral enviada ao Congresso americano- equivale, no mundo real, ao desaparecimento de cerca de US$ 75 bilhões.
Ao mesmo tempo, o presidente do Fed, Alan Greenspan, declarou que prevê melhora na economia neste segundo semestre. Para isso, afirmou Greenspan ao Congresso, o Fed baixará tanto quanto preciso as taxas de juros para realimentar o crescimento dos EUA, após um primeiro semestre bem distante do ideal.
"O Fomc [comitê de política monetária] segue pronto para manter uma política acomodativa o tempo necessário para conseguir uma performance econômica satisfatória", disse Greenspan.
Seu espaço de manobra nesse campo, porém, não é muito grande, já que a taxa dos fundos federais já está em 1%, a mais baixa desde os anos 50. Reduzir ainda mais os juros pode colocar em xeque os retornos de fundos de investimentos, porque as taxas ficariam baixas demais para bancar as operações.
"Medidas de afrouxamento monetário como compra de títulos não estão na agenda, mas, se preciso, a porta ainda está aberta para taxas de juros mais baixas", disse David Rosenberg, economista-chefe para a América do Norte do banco Merrill Lynch.
Segundo a visão de Greenspan, o crescimento seria impulsionado pelos gastos de consumidores -que, por sua vez, aumentariam como decorrência do corte de impostos aprovado pelo Congresso norte-americano.
Por causa disso, a previsão de crescimento do Federal Reserve para o ano que vem é bem mais otimista: em termos reais, o PIB aumentaria entre 3,75% e 4,75%. No relatório enviado ao Congresso, o Fed põe parte da culpa pela falta de aceleração da economia no primeiro semestre no conflito no Iraque.
"Muitos dos dados da economia refletiram decisões tomadas antes da guerra", escreveu o banco central americano. Essa análise, porém, não é consensual.

Riscos
"Nós discordamos de algumas das previsões do presidente [do Fed]. Particularmente, não acreditamos que o desempenho abaixo do potencial da economia se deva sobretudo a questões de governança corporativa ou incertezas geopolíticas. Os problemas são muito mais profundos. O estouro da bolha do mercado de capitais desencadeou ajustes nos balanços que ainda estão ocorrendo", afirmou William Dudley, economista-chefe da Goldman Sachs, ao comentar os argumentos mostrados pelo Fed.

Deflação
Greenspan disse ainda que continua preocupado com o perigo de que a economia americana entre em deflação.
"Uma taxa muito baixa de inflação aumenta o risco de que um choque adverso na economia seria mais difícil de ser controlado efetivamente", afirmou ele.
As declarações do presidente do Fed causaram estrago no mercado. A Bolsa de Nova York fechou em baixa de 0,52%. Os títulos federais também foram afetados, e investidores correram para se livrar dos papéis.


Leia a íntegra do discurso de Alan Greenspan na www.folha.com.br/031951


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