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LUÍS NASSIF
O Inpi e
as patentes
Dos anos 60 para cá, o
país implementou eficiente política de formação de
mestres e doutores. É enorme a
quantidade de Ph.D.s e de pesquisas produzidas. Falta transformá-las em riqueza. Entre a
pesquisa e o produto, há um
tripé essencial: a patente, a metrologia (definindo normas e
padrões) e o financiamento.
Montar um modelo azeitado
nessa área é ponto essencial
para começar a pensar na inserção do país na tecnologia de
ponta.
E aí aparecem os gargalos.
Comecemos pela patente. O órgão de registros de marcas e
patentes do país é o Inpi (Instituto Nacional da Propriedade
Industrial). Foi criado em
1970, como autarquia. Hoje, é
ligado ao MDIC (Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior).
Em 1996, o Brasil aderiu ao
acordo internacional de patentes, o Trips (Trade-Related Aspects of Intellectual Property
Rights). Em razão dele, foi publicada lei que estabelece que o
Inpi deveria ter autonomia para contratar e pagar seus funcionários com recursos da própria autarquia. O superávit
primário não deixa. Hoje em
dia, o pesquisador ou a empresa entra com pedido de patente
ou registro de marca, paga antecipadamente e tem que esperar até seis ou sete anos para
obtê-la.
Em 1994, o Inpi recebia entre
45 mil e 55 mil pedidos de marca e 10 mil de patentes por ano.
Tinha cerca de 80 examinadores de marca e 130 de patentes
que não davam conta do recado. Em 2000, o número de examinadores de marcas caiu para 42, e o número de marcas a
serem examinadas explodiu
para 110 mil. O número de examinadores de patentes caiu
para 88, e o número de pedidos
subiu para 23 mil. O USPTO (o
Inpi dos EUA) tem 11 mil funcionários.
Desde a sua fundação, em
1970, o Inpi realizou apenas
três concursos públicos. Os funcionários contratados saem ou
por motivo de morte ou para
não morrerem de fome. Para
um cargo que exige, no mínimo, mestrado, o salário é de R$
2.000. No final de 2003, o Inpi
fechou três delegacias regionais, de Santa Catarina, da
Bahia e de Pernambuco. Restaram apenas seis.
Ao assumir o cargo, o ministro Luiz Fernando Furlan autorizou o órgão a contratar 108
novos servidores, dos quais 32
examinadores de patentes e 16
de marcas. E concordou com a
contratação de mais 450 servidores nos próximos dois anos.
Também está sendo fechado
acordo com o Escritório Europeu de Patentes, para acessar
seu sistema de busca de patentes, um banco de dados com
mais de 100 milhões de documentos.
Mas é pouco. Recentemente
foi indicado para o cargo o diplomata Roberto Jaguaribe,
conceituado, é fato, mas dividindo as atribuições com as de
secretário de Tecnologia Industrial do MDIC.
O Inpi exige dedicação integral, valorização do corpo de
funcionários, garantia de continuidade administrativa. Nos
primeiros 14 anos de vida, o Inpi teve quatro presidentes. Nos
últimos 20 anos, teve 14 presidentes.
Além da agilidade maior interna, há outros desafios fundamentais para a produção de
tecnologia. Um deles, o custo
da patente internacional, que
pode chegar a US$ 100 mil. O
outro, a falta de empresas brasileiras que possam bancar o
desenvolvimento de produtos
de ponta. Sobre isso, falo amanhã.
E-mail - Luisnassif@uol.com.br
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