São Paulo, sexta-feira, 16 de julho de 2004

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RECEITA ORTODOXA

Setor financeiro eleva taxas, apesar de manutenção da Selic

Juro pago por consumidor volta a aumentar em junho

FABIANA FUTEMA
DA FOLHA ONLINE

Os bancos e as financeiras voltaram a elevar os juros para o consumidor em junho, apesar de a taxa básica de juros do Banco Central não mudar desde abril e dos sinais de retomada da economia.
A taxa média de juros da pessoa física subiu de 7,65% em maio para 7,73% ao mês em junho, segundo pesquisa da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças), que reúne dados de 30 bancos e instituições financeiras.
O motivo alegado pela Anefac foi uma "piora momentânea nas expectativas" em junho em relação ao custo do dinheiro. Traduzindo: os bancos passaram a temer mais o aumento da inflação e a trajetória do câmbio, além de manifestarem preocupação com o impacto da elevação dos juros nos EUA, no final de junho -fatores parcialmente equacionados em julho, segundo a Anefac.
Para Miguel de Oliveira, diretor da Anefac, a alta dos juros ao consumidor em junho foi maior do que a esperada.
"A taxa de juro é composta basicamente por dois elementos: custo e expectativa. A subida de junho foi provocada por uma piora nas expectativas, já o custo do dinheiro não foi alterado. A Selic ficou estável e houve queda na inadimplência", afirmou.
Com esse ajuste, a taxa de juros ao consumidor de junho já é a segunda maior do ano, perdendo apenas para a de janeiro, quando estava em 7,92% ao mês -à época, a Selic estava em 16,5%. Hoje está em 16% ao ano.
De acordo com a Anefac, a taxa em junho foi pressionada pontualmente pela elevação dos juros de três linhas diferentes de crédito: o CDC (Crédito Direto ao Consumidor), o empréstimo pessoal bancário e o empréstimo pessoal das financeiras.
O maior aumento foi registrado no CDC, em que a taxa média mensal de juros passou de 3,53% em maio para 3,74% em junho.
Segundo Oliveira, o "spread" (diferença entre o custo de captação dos bancos e os juros cobrados dos tomadores) elevado impediu que a redução da Selic beneficiasse na mesma proporção pessoas físicas e empresários.

Procon
Pesquisa também divulgada ontem pelo Procon-SP mostrou que a taxa média de juros do empréstimo pessoal caiu para 5,23% ao mês em julho, queda de 0,05 ponto percentual ante junho. A taxa anualizada passou para 84,34%.
A pesquisa do Procon-SP analisa o comportamento das taxas de juros do empréstimo pessoal e do cheque de dez bancos. Já a Anefac consulta as taxas de cheque especial, empréstimo pessoal e CDC de 30 bancos, além dos juros do crediário, do cartão de crédito e de empréstimo de financeira.


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