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VIZINHOS EM CRISE
Um dia após entendimento em fogões, Brasil e Argentina concordam em
Países fecham acordo sobre geladeiras
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
CLAUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES
Depois de acertarem acordo na
área de fogões, como a Folha antecipou, empresários e técnicos
dos governos argentino e brasileiro chegaram a um entendimento
para o segmento de refrigeradores ontem em Buenos Aires. O
Brasil poderá exportar 36 mil unidades até setembro.
Nesse período, um grupo de trabalho vai definir qual será a cota
de exportação do Brasil nos próximos meses e decidir qual o espaço que os refrigeradores brasileiros vão ocupar no mercado argentino. Atualmente a participação é de mais de 60%.
Na quarta-feira, já havia sido fechado um acordo que limita as
exportações brasileiras de fogões
a 90 mil unidades em 2004 e 47,5
mil no primeiro semestre de 2005,
quando as indústrias voltam a se
reunir para debater a questão.
Com essa cota determinada, os
fabricantes de fogões brasileiros
terão reduzido a sua participação
de 30% para 22% nas vendas no
mercado argentino, informam
fontes do setor.
Ainda falta, no entanto, que os
fabricantes de máquinas de lavar
cheguem a um consenso. De
acordo com empresários argentinos, essa é a negociação mais difícil porque as empresas brasileiras
não concordam em diminuir sua
participação no mercado argentino, que atualmente é de cerca de
40%, de acordo com o Ministério
da Indústria e Comércio Exterior
(MDIC). Até as 22h30 de ontem,
governo e empresários ainda discutiam esse setor.
Ontem, o MDIC divulgou uma
nota anunciando os dois acordos.
Segundo a nota, "a negociação foi
um êxito porque evitou a aplicação de medidas restritivas contra
produtos brasileiros".
A Folha apurou, porém, que o
Ministério da Economia da Argentina ainda pretende regulamentar a medida que prevê a aplicação de licenças não-automáticas (autorização prévia) para a
importações de eletrodomésticos.
A medida, publicada na semana
passada, precisa de regulamentação para entrar em vigor.
De acordo com uma fonte do
govenro argentino, a regulamentanção deverá estar pronta em um
prazo máximo de dez dias.
As normas de contenção estão
presentes numa resolução do Ministério da Economia da Argentina tornada pública na segunda-feira, no dia 5.
Mas não foram regulamentadas
ainda porque o ministro de Economia argentino, Roberto Lavagna, comprometeu-se a não fazê-lo
até que as partes chegassem a um
acordo.
Mesmo sem a intenção de aplicar as medidas a serem regulamentadas, a Argentina quer ter
uma ferramenta de proteção
pronta para utilizá-la, caso julgue
necessário, segundo afirmou um
funcionário do governo argentino
à Folha.
Os países pretendem finalizar as
negociações antes de apresentar
os detalhes. As duas partes ainda
não avançaram com relação à tarifa de 21% sobre as importações
de televisores provenientes da Zona Franca de Manaus, medida
que o governo argentino também
anunciou na semana passada,
mas ainda não adotou.
O porta-voz da Presidência da
República, André Singer, informou ontem que "o presidente Lula disse que está confiante que
chegarão em breve a um bom termo". As negociações, segundo
Lula, "estão se desenrolando de
forma satisfatória".
Os acordos foram negociados
de forma "picotada", ou seja, produto por produto, o que não agradou os representantes da indústria brasileira, segundo apurou a
reportagem. O ideal, na avaliação
das indústrias, seria fechar um pacote para o setor e, com isso, evitar que a negociação para o segmento de máquinas de lavar roupa acontecesse isoladamente.
Uma fonte do governo argentino disse que os setores de máquinas agrícolas, de carne de porco e
de frango também estão preparando pedidos de proteção para
apresentar ao governo argentinos.
Esses setores serão temas das
próximas reuniões do grupo de
monitoramento de comércio entre os dois países, criado em julho
do ano passado a pedido da Argentina, para controlar o comércio.
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