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País tem trava para expansão do crédito
Inexistente no Brasil, mercado subprime causa preocupação nos EUA, mas permite aumento nos empréstimos
Mercados mais maduros
atuam na gestão do crédito
de risco, que oferece maior
retorno tanto para bancos
como para investidores
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Mantido o atual cenário de
crescimento de 20% ao ano, o
volume de crédito brasileiro
poderá duplicar até 2011 e atingir R$ 1,5 trilhão. Hoje em R$
786 bilhões, o mercado brasileiro carece de instrumentos
sofisticados de análise e de gestão de risco capazes de permitir
essa expansão do crédito em
meio a um ambiente de juro
baixo e de alta competição.
Hoje, a gestão brasileira de financiamentos se divide em
dois momentos: antes de conceder um empréstimo -com a
consulta a serviço de proteção
ao crédito e análise da capacidade de pagamento- e depois,
a retomada do dinheiro, em caso de inadimplência.
Os mercados mais maduros
-e competitivos- atuam ainda
em um momento intermediário: a gestão do crédito de risco,
que oferece maior retorno tanto para bancos como para investidores. É ela que faz os bancos manterem margens de lucro altas mesmo com juros "civilizados", entre 4,5% e 6% ao
ano. Permite ainda o estabelecimento de preços aos papéis
dessas dívidas, que mais tarde
são negociados no mercado secundário de títulos, trazendo liquidez e recursos para fomentar novos empréstimos.
Conhecido como crédito
subprime (literalmente, aquele
que não é de primeira linha), os
empréstimos imobiliários que
flertam com a inadimplência
são hoje a principal fonte de
preocupação do mercado americano, após dois fundos do
Bear Stearns quase quebrarem
por conta da má avaliação de
risco -ou seja: compraram papéis com preços bastante superiores ao que o mercado aceita
hoje pagar. São subprime desde
as hipotecas de pagadores impontuais ou endividados até as
famílias de imigrantes sem histórico de pagamento nos EUA.
Segundo Cláudio Pasqualin,
diretor de Operações da Experian, empresa que comprou a
Serasa, o segmento que mais se
aproxima do subprime no Brasil seria o crédito para trabalhadores informais. Sem comprovação de renda, mas com capacidade de pagamento, profissionais informais e autônomos
acabam tendo de se submeter a
juros altos e prazos curtos.
O mercado prevê um avanço
importante com a criação do
chamado birô positivo, que
mostrará o nível de endividamento e hábitos de pagamento
dos tomadores. A expectativa é
aprovar no Congresso o projeto
ainda em 2007.
Nos EUA, a Experian criou
uma ferramenta chamada ScoreRight, em que o próprio consumidor preenche seus dados e
obtém uma espécie de rating
[nota] que possibilita conseguir
juro mais baixo. O serviço permite ao cliente saber quais atributos deve ter para ganhar uma
melhor condição de crédito.
"Hoje, ninguém quer ter o nome na Serasa. Com o cadastro
positivo, todos vão querer ter",
disse Gilberto Vasconcelos,
presidente da Experian.
Para o consultor Adriano
Blatt, o mercado de crédito brasileiro está cada vez mais sofisticado em suas análises. "Os
bancos estão mais preparados
do que as empresas. A tendência é usar sistemas automatizados. Senão, começa a escapar o
líquido entre os dedos", disse.
José Pereira Gonçalves, superintendente técnico da Abecip (associação de crédito imobiliário), diz que as operações
de adiantamento de recebíveis
do setor imobiliário serão importantes para captar mais recursos para financiamento. Ele
vê o juro baixo da poupança como teto para a expansão do financiamento imobiliário no
Brasil. "Para oferecer juro abaixo de 8%, a captação terá de ser
feita fora da poupança. Uma
opção é a captação externa."
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