São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 2008

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Ministério da Fazenda faz troca na Casa da Moeda

Indicado por Múcio substitui funcionário de carreira

SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A dança das cadeiras na área econômica do governo sob a alçada do ministro Guido Mantega (Fazenda) não se restringiu à saída de Bernard Appy da SPE (Secretaria de Política Econômica), anunciada há cerca de dez dias. A próxima vítima é o presidente da Casa da Moeda, José dos Santos Barbosa, colocado no cargo em 2005 pelo ex-ministro Antonio Palocci para apagar um incêndio no auge da crise do mensalão.
Segundo a Folha apurou, mesmo com Mantega em férias, Barbosa foi informado pelo secretário-executivo do ministério, Nelson Machado, de que deixará a presidência. A Fazenda espera apenas o retorno do ministro para anunciar publicamente a troca. O substituto deverá ser Luiz Felipe Denucci Martins, indicação do ministro das Relações Institucionais, José Múcio (PTB-PE), segundo fontes do governo.
Martins consta como presidente da empresa de capitalização Horizonte no site da empresa. Economista com especialização em administração, ele foi delegado do Banco Central em São Paulo e passou pela Susep (Superintendência de Seguros Privados) e pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), além da Brasilcap e da Brasil Saúde Cia. de Seguros.

Mensalão
Funcionário de carreira do Banco Central, Barbosa ocupava a chefia do Departamento do Meio Circulante do BC quando, em setembro de 2005, foi escalado por Palocci para substituir Manoel Severino dos Santos na presidência da Casa da Moeda.
Na época, a autarquia -responsável pela produção de cédulas e moedas, além de itens de segurança, como selos fiscais, postais e cartoriais, passaportes, bilhetes de metrô e carteiras de trabalho- foi arrastada para a crise do mensalão.
Isso porque Severino dos Santos foi apontado como o segundo maior destinatário, dentro do PT, do dinheiro repassado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de ser o principal operador do esquema. Segundo lista entregue à Polícia Federal, o presidente da Casa da Moeda teria recebido R$ 2,7 milhões.
Apesar da sinalização de uma gestão técnica a partir daí, a cobiça política pelo cargo se acentuou com a troca de Palocci por Mantega. Mas o novo ministro manteve a equipe. Com o remanejamento de Appy, Barbosa era um dos poucos remanescentes da gestão Palocci.
A saída de Barbosa neste momento surpreendeu técnicos da Fazenda. O faturamento da Casa da Moeda tem aumentado. Barbosa acabou de desembarcar de viagem ao exterior. Foi convocado para integrar comitiva do presidente Lula para vender produtos da Casa da Moeda -especialmente selos de segurança e passaporte.


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