São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 2008

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Mercados têm dia de fortes oscilações

Bovespa chegou a recuar mais de 3% durante o pregão, mas fechou em alta de 0,5%; petróleo bateu em US$ 147 e caiu para US$ 139

Dólar volta a cair e encerra o dia negociado a R$ 1,587, menor cotação desde janeiro de 99, quando o governo liberou o câmbio

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Fortes oscilações marcaram os negócios no mercado financeiro ontem. A Bovespa, que fechou com alta de 0,48%, passou por desvalorização de 3,18% em seu pior momento no dia e ganhou 1,58% em seu pico.
O principal índice da Bolsa de Nova York, o Dow Jones, também alternou movimentos positivos e negativos. Depois de amargar perdas de até 2,05% no começo do pregão, reverteu e chegou a subir 0,62%. No fechamento, o Dow Jones mostrou queda de 0,84%, fechando em 10.962,54 pontos -menor nível desde 21 de julho de 2006. A Nasdaq subiu 0,13%. Em Londres, a Bolsa encerrou as operações com baixa de 2,42%.
A volatilidade -intensidade e freqüência das oscilações das ações em determinado período- que marcou os pregões mostrou que o mercado acionário internacional ainda está bastante suscetível a notícias e rumores que afetem o setor bancário e os preços do barril de petróleo no exterior.
Nas operações de ontem, o petróleo encerrou com baixa de 4,44% em Nova York, negociado a US$ 138,74. A informação de que a Opep reduziu a estimativa de demanda do produto para os próximos meses esfriou seu valor no mercado internacional. Em Londres, a queda do barril foi de 3,59%.
Além da queda expressiva, a oscilação do petróleo chamou a atenção. Entre seu menor e maior preço ontem, o petróleo foi de US$ 135,92 a US$ 146,73.
O depoimento de Ben Bernanke, presidente do Fed (o banco central dos EUA), ao Senado foi um dos pontos que desanimaram investidores. Bernanke demonstrou preocupação com as pressões inflacionárias, além dos riscos persistentes de desaceleração da maior economia do mundo.
Ontem analistas e investidores conheceram o PPI (índice de preços ao produtor americano) de junho, que teve alta acima das projeções feitas pelo mercado, ficando em 1,8%.
"O mercado já abriu com medo de novidades negativas no setor bancário americano. Durante o pregão, viu-se muita oscilação estimulada pelas expectativas em relação ao futuro da crise que tem abatido os bancos. Ao menos houve os boatos de que o Lehman Brothers teria interessados em comprá-lo, o que tirou um pouco de pressão sobre o banco", afirma Roberto Padovani, estrategista-sênior de investimentos para a América Latina do WestLB.
Bernanke disse que o sistema bancário está bem capitalizado, mas que o mercado financeiro ainda está sob muito estresse.
As ações do Lehman Brothers subiram 6,61% ontem. Mas estão entre os papéis com pior desempenho em 2008, com desvalorização de 79,8%.
Outras ações do setor não tiveram tanta sorte: os papéis do Bank of America perderam 8,09% do valor; Merrill Lynch caiu 6,27%; e Citigroup recuou 4,60%. As financeiras hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac desabaram 27,34% e 26,02%, respectivamente. "O cenário não é muito favorável, com pressões inflacionárias e economias fracas. O Fed vai acabar por ter de começar a elevar os juros em algum momento, o que afetará negativamente o apetite para as Bolsas", afirma Rodrigo Bresser-Pereira, sócio-diretor da Bresser Asset Management. "Não vejo uma recuperação expressiva da Bolsa neste cenário incerto."
Considerando a mínima e a máxima, a Bovespa oscilou entre os 58.789 pontos e os 61.678 pontos. No fim do pregão, registrava 61.015 pontos. A pontuação oscila com o sobe-e-desce das principais ações: quando está em níveis mais elevados, demonstra que os papéis estão mais valorizados; quando recua, é porque houve queda no preço das ações.
O resultado da Bolsa não foi melhor ontem porque as ações das gigantes Petrobras e Vale fecharam com perdas.
Como costuma ocorrer, a queda do petróleo atrapalhou as ações da Petrobras, que recuaram 1,63% (ordinárias) e 0,80% (preferenciais). No caso da Vale, as quedas foram de 2,13% (ON) e 0,97% (PNA).

Dólar mais barato
Em um dia tão instável, o mercado de câmbio brasileiro manteve-se em seu ritmo. O dólar encerrou com uma depreciação de 0,38% diante do real, vendido a R$ 1,587, em seu menor valor desde 19 de janeiro de 1999 -época em que o governo liberou o câmbio.
A expectativa de entrada de recursos externos, referentes à oferta de ações da Vale, tem fortalecido ainda mais a moeda brasileira.


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