São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 2008

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Mais bancos vão quebrar, dizem analistas

Até 150 instituições americanas de pequeno e médio porte podem entrar em colapso, arrastadas pela crise imobiliária

Especialistas aguardam com atenção safra de resultados de alguns dos maiores grupos financeiros dos EUA, como Citi e Merrill Lynch

LOUISE STORY
DO "NEW YORK TIMES"

À medida que os preços das casas continuam a cair e a inadimplência nos empréstimos se expande, autoridades regulatórias dos EUA se preparam para a quebra de dezenas de bancos nos próximos 18 meses.
Após o colapso de um grande banco hipotecário californiano na noite de sexta-feira, os analistas de Wall Street levantaram duas questões cruciais: exatamente quantos bancos podem quebrar? A mais urgente: quais seriam os próximos?
Os bancos do país estão correndo muito menos perigo do que no final dos anos 80 e no começo dos 90, quando mais de mil instituições cujos depósitos eram garantidos pelo governo federal quebraram na crise do setor de poupança e empréstimos. Aquele desastre, o maior a atingir o setor financeiro norte-americano desde a Depressão, resultou em uma operação de resgate governamental que custou cerca de US$ 125 bilhões aos contribuintes.
Mas os problemas estão crescendo tão rapidamente em alguns bancos de pequeno e médio porte que até 150 dos cerca de 7.500 em atividade no país poderiam entrar em colapso nos próximos 12 a 18 meses, de acordo com analistas. Outras instituições de empréstimo provavelmente fecharão filiais ou tentarão fusões.
"Todo mundo está preparando listas, tentando descobrir qual será o próximo banco a falir, em primeiro lugar, e, em segundo, quantos deles podem desabar", disse Richard Bove, analista da Ladenburg Thalmann. "Em terceiro lugar, do ponto de vista de Washington, que efeitos negativos isso terá sobre a economia."
Investidores estão preocupados depois que as autoridades regulatórias federais intervieram no IndyMac Bank, o banco hipotecário da Califórnia. Com ativos de US$ 32 bilhões, o IndyMac, criado por cisão da Countrywide Financial Corporation, foi a maior instituição financeira americana a quebrar em mais de duas décadas.
Agora, enquanto o governo Bush enfrenta a crise nas duas maiores instituições de financiamento hipotecário do país, Fannie Mae e Freddie Mac, uma sucessão de anúncios de resultados por parte de alguns dos maiores grupos financeiros do país, nos próximos dias e semanas, provavelmente oferecerá lembretes sombrios sobre o estado lastimável do setor.
O futuro da Fannie Mae e Freddie Mac é vital para os bancos, instituições de crédito hipotecário e empresas de poupança, que detém US$ 1,3 trilhão em títulos emitidos ou garantidos pelas duas companhias. Caso os gigantes do setor de hipotecas venham a dar o calote nessas obrigações, os bancos poderiam se ver forçados a levantar bilhões de dólares em capital adicional.

Prejuízo de bilhões
As grandes instituições que devem anunciar resultados esta semana, entre as quais Citigroup e Merrill Lynch, não correm risco de quebra, mas algumas delas devem revelar a contabilização de bilhões de dólares em prejuízos.
O tempo pode estar se esgotando para algumas das pequenas e médias instituições de empréstimos. Elas variam em tamanho e localização, mas o problema comum que as aflige é o colapso do mercado imobiliário e os problemas dos empréstimos hipotecários. A maioria desses bancos é bem menor que os gigantes do setor, que atraíram tamanha atenção dos investidores e dos fiscais.
Ainda assim, apenas seis instituições de empréstimo faliram até agora neste ano, entre as quais o IndyMac. Em 1994, a FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation) tinha uma lista de 575 bancos que via como em crise. No segundo trimestre deste ano, a agência se declarava preocupada quanto a apenas 90. O número pode subir em agosto, quando o governo divulgará uma atualização.
O IndyMac não estava na lista de bancos em crise que o governo divulgou no trimestre passado.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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