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Principal assessor de Lina assume Receita
Para conter "rebelião" no fisco, Mantega nomeia como interino Otacílio Dantas Cartaxo, que contestou demissão de secretária
Nome preferido por ministro era o do presidente do INSS; ministro justifica demissão como forma de "aperfeiçoar" a gestão da Receita Federal
Valter Campanato - 12.dez.08/ABr
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Otacílio Dantas Cartaxo, secretário interino da Receita
SHEILA D'AMORIM
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na tentativa de conter a disputa de poder que tomou conta
da Receita Federal e minimizar
o desgaste que sofreu dentro do
governo, o ministro Guido
Mantega (Fazenda) nomeou
ontem Otacílio Dantas Cartaxo
como secretário interino.
Braço direito de Lina Maria
Vieira, demitida da chefia da
Receita, Cartaxo é o primeiro
da lista de 25 nomes -entre superintendentes, coordenadores e assessores diretos do órgão- que assinaram um manifesto de apoio à ex-secretária e
com críticas à sua saída. No texto entregue à própria Lina e a
Mantega, os técnicos elogiam a
liderança da ex-secretária e
afirmam que sua demissão
"perturba" o clima e "traz graves prejuízos" à secretaria.
Cartaxo foi uma escolha para
tentar conter a rebelião que se
iniciou com a notícia da demissão de Lina. Claramente dividida entre o grupo que apoia a ex-secretária e o que ainda se ressente da saída de Jorge Rachid
(antecessor de Lina no cargo), a
Receita foi palco de articulações de ambos os lados para a
escolha do novo secretário.
Na segunda-feira, pelo menos sete superintendentes
ameaçaram deixar o cargo caso
Mantega nomeasse pessoas
identificadas politicamente
com o grupo de Rachid. Inicialmente disposto a mudar toda a
estrutura da Receita, Mantega
teve que ceder. Com a Receita
no centro dos debates da CPI
da Petrobras, instalada nesta
semana, o ministro e sua equipe avaliaram que não poderiam
correr o risco de perder o controle da secretaria.
Ao assumir o comando da
Receita, Lina trocou toda a cúpula do órgão e se cercou de
pessoas da sua confiança. A
avaliação de pessoas próximas
é que a secretária partiu em voo
próprio, e Mantega e o secretário-executivo, Nelson Machado, encarregado de supervisionar o trabalho da Receita, perderam influência sobre ela.
Recentemente, Lina deixou
Machado falando sozinho e se
retirou de uma reunião em que
o secretário conversava com a
equipe dela. O grande desgaste
da secretária ocorreu em maio,
quando bateu de frente com a
Petrobras por causa de uma
compensação de tributos que
os fiscais consideraram irregular. A reação da Receita deu
munição aos defensores da
CPI, instalada depois no Senado para investigar a estatal.
Grandes empresas
Mas esse não foi o único problema. Segundo a Folha apurou, pelo menos três grandes
empresas teriam feito chegar
reclamações contra Lina no
Palácio do Planalto por fiscalizações. Em entrevistas, ela dizia que seu alvo seriam grandes
sonegadores. Os bancos também não andavam nada satisfeitos com a ex-secretária. No
final de maio, ela ordenou uma
ofensiva sobre o setor para retomar uma cobrança de tributos questionados na Justiça estimada em R$ 20 bilhões.
Ontem, Lina esteve com
Mantega pela manhã. Antes,
ela havia pedido aos técnicos
da sua confiança que não abandonassem o barco. Pouco antes
do almoço, o ministro convocou os superintendentes para
comunicar que Cartaxo assumiria interinamente. Estava
selada a trégua. No texto para
comunicar a saída de Lina,
Mantega elogiou sua atuação e
justificou a troca como forma
de "aperfeiçoar" a gestão.
O preferido do ministro para
assumir o cargo era o presidente do INSS, Valdir Simão. Também estava na lista o próprio
Nelson Machado. Ele, aliás, foi
um dos padrinhos da nomeação de Lina. No entanto, segundo a Folha apurou, estaria arrependido da indicação.
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