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Congresso aprova LDO com superávit menor
Projeto exclui recursos do PAC da economia para pagar juros, permitindo que o governo gaste mais em 2010, ano eleitoral
O governo recuou de tentar aprovar dispositivo que acabava com um parâmetro para considerar uma obra pública superfaturada
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em votação simbólica, o
Congresso aprovou ontem o
projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2010, com um
superávit primário (a economia para pagar os juros da dívida) de 3,3% do PIB (Produto
Interno Bruto).
Depois de muita negociação,
o governo conseguiu fazer com
que os investimentos com o
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento) ficassem fora
do cálculo do superávit, o que
assegura mais gastos em ano
eleitoral. Caso utilizada, a estimativa é de recursos adicionais
de cerca de R$ 5,6 bilhões.
O governo havia decidido
ainda excluir a Petrobras e as
suas subsidiárias da apuração
do resultado fiscal da União -o
que permitiu alterar a meta de
superávit de 3,8% para 3,3% . O
mesmo já acontece com o PPI
(Projeto Piloto de Investimentos), que permite contabilizar
0,5 ponto percentual do PIB
(Produto Interno Bruto) como
parte do superávit em obras
consideradas prioritárias.
"Eu queria salvar o PAC e salvei, essa era a prioridade para o
governo", comemorou o vice-líder da situação no Congresso,
o deputado petista Gilmar Machado (MG).
Por outro lado, o governo teve que ceder em dois outros
pontos. No primeiro, PSDB e
DEM conseguiram proibir investimentos federais e das estatais no ano que vem até que o
Orçamento seja aprovado pelo
Congresso. O governo queria liberá-los para poder ter ainda
mais dinheiro para obras em
ano de eleição. Hoje, na proporção de 1/12 por mês, despesas
com custeio e pessoal já são
permitidas sem a aprovação do
Orçamento.
"O governo queria a possibilidade de fazer tudo, ou seja, declarar desnecessário o papel do
Congresso. Isso era inaceitável.
Com o acordo, ficou bom para
todo mundo e estamos satisfeitos", disse o líder da minoria no
Congresso, deputado Otávio
Leite (PSDB-RJ).
No segundo ponto, com a
ajuda de ministros e técnicos
do TCU (Tribunal de Contas da
União), a oposição ao presidente Lula conseguiu um recuo significativo do governo, que, segundo avaliação do tribunal,
havia tentado uma brecha para
o superfaturamento de obras
públicas e serviços pagos com
recursos do contribuinte.
O dispositivo que o governo
tentou e não conseguiu aprovar
na LDO acabava com um parâmetro para considerar uma
obra superfaturada: a limitação
do preço pago pela administração pública por obras e serviços
à média de preços vigentes no
mercado e apontada em consulta ao Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil),
mantido e divulgado pela Caixa
Econômica Federal.
Depois de muita pressão dos
ministros do TCU, órgão do
próprio Congresso encarregado de fazer o controle externo
da administração federal, o governo acabou fechando acordo
e desistindo da mudança.
Com a aprovação da Lei de
Diretrizes Orçamentárias, deputados e senadores saem de
férias e retornam na primeira
semana do mês que vem.
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