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SALTO NO ESCURO
Grupo dos EUA diz que agência cometeu ""desacertos regulatórios" que levaram o país ao racionamento
Energéticas atacam Aneel por causa do MAE
DA SUCURSAL DO RIO
Os vice-presidentes da Eletropaulo, Solange Ribeiro, e da AES
Tietê, Demóstenes Barbosa, afirmaram ontem que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica)
quer desviar a atenção da sociedade de sua responsabilidade nos
""desacertos regulatórios" que levaram o país ao racionamento.
Os dois executivos fizeram as
declarações juntos para enfatizar
o desagrado do grupo norte-americano AES (acionista controlador da Eletropaulo e da Tietê)
com as decisões tomadas esta semana pela Aneel.
Na segunda-feira, a agência interveio no MAE (Mercado Atacadista de Energia): nomeou os seis
representantes do conselho responsáveis pela cumprimento das
regras do mercado e determinou
que as empresas de energia devolvam aos consumidores os R$ 150
milhões que foram repassados
para as tarifas de energia elétrica a
título de despesa de implantação
da Asmae, empresa encarregada
de administrar o MAE.
""A Aneel nunca foi um órgão
regulador nos moldes que se propunha para o mercado, que requer independência total", afirmou Demóstenes Barbosa.
A vice-presidente da Eletropaulo aumentou o tom das críticas,
afirmando:""A Aneel quer fazer
crer que o mercado não funciona
por causa dos problemas de gestão da Asmae, quando a causa do
problema é a falta de regras".
A AES é o maior investidor estrangeiro em energia elétrica no
Brasil. Seus investimentos no
país, segundo Solange Ribeiro,
somam US$ 6 bilhões. ""Precisamos de uma mudança radical na
governância do setor elétrico no
Brasil", afirmou a executiva.
O presidente da Aneel, José Maria Abdo, não quis comentar as
críticas feitas pelas distribuidoras.
As divergências entre a Aneel e
as companhias energéticas estouraram em abril, quando a agência
destituiu o conselho executivo do
MAE, integrado por 26 dirigentes
de empresas do setor. O motivo
para a primeira intervenção foi a
incapacidade do conselho de
aprovar as regras para o funcionamento do mercado atacadista.
Ainda em abril, a Aneel iniciou
uma auditoria na Asmae, que
identificou várias irregularidades
na empresa que teriam sido praticadas na gestão do presidente
Mitsumori Sodeyama. Por causa
da auditoria, dois diretores da Asmae foram demitidos e Sodeyama
foi posto em licença.
Todos as despesas de implantação da Asmae vinham sendo
transferidas para as tarifas de
energia elétrica, por autorização
da Aneel. A agência cancelou a
autorização como forma de punição das empresas do setor.
Solange Ribeiro disse que o consumidor não deve pagar por gastos irregulares, mas que as empresas não concordam com a suspensão do repasse como foi feita.
O vice-presidente da AES Tietê,
por sua vez, disse que parte dos
custos de implantação foram onerados por modificações determinadas pela Aneel. Disse também
que as empresas que integram o
conselho do MAE queriam o afastamento de Sodeyama desde o final do ano passado e que a agência o manteve no cargo.
""O conselho queria destituir o
Sodeyama desde o final do ano
passado, porque ele estava prejudicando as negociações para resolver a dívida de R$ 600 milhões
de Furnas com o MAE. Nós gostaríamos de ter colocado ordem na
Asmae antes, mas Aneel impediu,
aprovando uma resolução que
protegia a diretoria", afirmou. Sodeyama não foi localizado para
responder às acusações.
(ELVIRA LOBATO)
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