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CONTAS PÚBLICAS
Gastos devem ficar em R$ 70 bi, só inferiores na era FHC aos de 99; taxa básica e dólar altos elevam dívida
País vai pagar 22% a mais de juros em 2001
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A despesa com juros da dívida
pública deverá crescer 22% neste
ano em relação ao ano passado. A
Folha apurou que o Ministério do
Planejamento projeta gastos de
R$ 70 bilhões em 2001, R$ 6 bilhões a mais que o total dos gastos
com pessoal.
Se a estimativa for confirmada,
essa será a segunda maior despesa
anual com juros do governo Fernando Henrique Cardoso. A
maior foi em 99, quando houve a
desvalorização do real. Os gastos
foram de R$ 102,2 bilhões, segundo informações divulgadas em
abril pelo Banco Central.
O aumento das despesas com
juros está ligado à elevação da taxa básica de juros do Banco Central e à desvalorização do real.
Cerca de 27% da dívida interna
-que é de R$ 580 bilhões- é
corrigida pela variação cambial.
Metade da dívida varia conforme
as mudanças da taxa básica de juros da economia.
A Lei Orçamentária de 2001 previa gastos com juros de R$ 45,4 bilhões neste ano. O maior conjunto de despesas correntes é com o
pagamento de benefícios previdenciários: R$ 73 bilhões. As despesas com custeio e investimentos da máquina pública estão em
torno de R$ 50 bilhões.
Desde 1998, o governo vem economizando receitas de impostos
para pagar juros com o objetivo
de estabilizar a dívida.
Foram economizados quase R$
52 bilhões entre 1998 e 2000, mas
o pagamento de juros consumiu
R$ 214,3 bilhões.
Tamanho não é importante
Na terça-feira, o ministro da Fazenda, Pedro Malan, disse aos senadores da Comissão de Assuntos Econômicos que o mais importante não é o tamanho da dívida do governo federal, mas a capacidade do governo de financiar
a sua rolagem.
O prazo médio de vencimento
da dívida interna aumentou
29,8% desde dezembro de 1999,
de acordo com Malan.
Argumentos como esse acabam, porém, reforçando as críticas de alguns senadores sobre o
aumento das metas fiscais no novo acordo com o FMI (Fundo
Monetário Internacional).
Isto é, se o tamanho da dívida
não é tão importante, por que
cortar despesas que podem sacrificar programas importantes do
governo federal?
Metas
Além disso, as metas de economia já haviam sido analisadas pelo Congresso nas votações da Lei
Orçamentária de 2001 e da Lei de
Diretrizes Orçamentárias de 2002.
Ou seja, o governo estaria alterando metas fixadas pelos congressistas.
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