|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EM TRANSE
Com recolhimento de R$ 10,8 bilhões, bancos devem cobrar taxas mais altas dos clientes em suas operações
Compulsório maior deve elevar os juros
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
A elevação das alíquotas do recolhimento compulsório sobre os
depósitos à vista e a prazo e sobre
a poupança, anunciados anteontem pelo Banco Central, deve resultar em aumento de juros para
os consumidores cobrados nas
operações bancárias.
"O aumento [do compulsório"
representa mais custos para o sistema bancário. Alguma coisa acaba sendo repassada para os preços", disse o economista-chefe da
Febraban (Federação Brasileira
das Associações de Bancos), Roberto Troster.
Ao todo o BC vai recolher dos
bancos R$ 10,8 bilhões, dinheiro
que ficará retido numa conta da
instituição e que será remunerado
pela taxa básica de juros da economia (que atualmente está em
18% ao ano).
O diretor do Itaú e ex-diretor do
Banco Central Sérgio Werlang
também diz acreditar que haverá
pressão sobre as taxas de juros como reflexo da medida.
"Potencialmente, como a quantidade de recursos nas mãos dos
bancos vai diminuir, acaba havendo algum efeito [de alta" sobre
os juros para o consumidor final",
afirma Werlang.
O argumento dos bancos é que,
como haverá menos dinheiro para ser emprestado, o custo do crédito aumentará.
De acordo com Troster, o total
de recursos recolhido como compulsório ao BC é de R$ 74,8 bilhões. Com mais R$ 10,8 bilhões,
sobe para R$ 85,6 bilhões. A autoridade monetária adotou a medida para levantar recursos para recomprar R$ 11 bilhões de títulos
públicos federais.
Já para Alcindo Ferreira, ex-diretor do BC, as instituições financeiras não encontrarão espaço para passar a cobrar taxas mais altas
em suas operações de crédito.
"Não há apetite para crédito no
mercado. Isso segurará as taxas
onde estão", diz Ferreira.
O economista-chefe do banco
Inter American Express, Marcelo
Allain, tem a mesma opinião. "Os
juros já estão muito altos, não há
espaço para aumentarem nesse
momento, mesmo com as últimas
medidas", afirma o economista.
Uma crítica que analistas fazem
à elevação do compulsório é que a
medida pode afetar as perspectivas de crescimento da economia.
Se os custos dos empréstimos aumentam, a tendência é haver queda nos investimentos.
"Esperávamos é que houvesse
diminuição do compulsório no
segundo semestre, como forma
de melhorar o crédito que já estava bastante ruim", diz Fernando
Coelho, da ABM Consulting.
Texto Anterior: Luís Nassif: Os incendiários e a crise Próximo Texto: BC faz enquete sobre a volta das linhas de crédito Índice
|