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Sindicatos e indústria fazem ressalvas à medida
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a Força Sindical
querem que o empréstimo bancário com desconto em folha seja
negociado pelos sindicatos ou
passe pela sua supervisão.
Os presidentes das entidades tiveram acesso a versões preliminares da medida. "O texto tem contradições: estabelece negociação
com os sindicatos e, em outro
momento, só com o empregado",
afirmou Luiz Marinho, da CUT.
"Isso está confuso na medida",
concordou Paulo Pereira da Silva,
o Paulinho, da Força Sindical.
Para Marinho, os sindicatos podem conseguir para os trabalhadores as vantagens que atualmente só as empresas conseguem.
"Hoje as empresas têm benefícios
pelo volume de empregados que
negociam para recebimento do
salário por determinado banco."
Paulinho disse que o novo empréstimo será um sucesso porque
terá juros mais baixos e facilidade
de acesso. "Vai livrar o trabalhador do agiota na porta da fábrica."
Roberto Faldini, diretor do Departamento de Economia da
Fiesp (indústrias de SP), disse que
governo e empresários não poderiam ""induzir" os trabalhadores a
tomar crédito se o programa não
resultar em redução drástica nos
juros dos financiamentos. ""Se por
essa fórmula, de desconto em folha, conseguirmos uma taxa de
juros de 0,90%, 1%, como de financiamento de veículos, tudo
bem. Mas levar as pessoas a se endividar a taxas de juros de 3%, 4%
ao mês será um desserviço, uma
irresponsabilidade."
A assessoria da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) informou que a entidade só vai comentar as regras sobre os novos
empréstimos quando elas forem
anunciadas pelo governo.
Estrutura
Mesmo que decidam oferecer o
novo tipo de empréstimo, os bancos terão que montar uma estrutura para fazê-lo, criando sistemas para formalizar os contratos
com empresas e trabalhadores,
estimando as diferentes taxas de
juros de cada modalidade de empréstimo e treinando pessoal.
Montar todo o esquema leva
tempo e, ainda que a regulamentação saia na próxima semana, é
provável que demore para que os
trabalhadores possam usar o contracheque para garantir dívidas.
Alguns bancos privados já têm
modalidade de empréstimos parecida. O Itaú, por exemplo, herdou do Banestado, banco que
comprou em 2001, uma enorme
carteira de empréstimos para funcionários públicos. São empréstimos com taxas de juros mais baixas, com desconto direto na folha
de pagamento dos servidores.
O banco criou uma diretoria especial só para cuidar do setor público. A intenção era estender a
modalidade. Mas o projeto não
progrediu. Mesmo sendo um esquema seguro e rentável, a diretoria do banco avaliou que seria um
problema formar uma "casta" de
clientes que, ainda que com a
mesma renda dos demais, fosse
tratada de forma diferente.
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