|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
POLÊMICA
Ministério é quem deve dar palavra final para liberar ou não cada plantio
Transgênicos devem ter novas regras
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O projeto de lei sobre biossegurança, ainda na fase final de elaboração, prevê que o Ministério do
Meio Ambiente terá o poder de
exigir estudos de impacto ambiental antes da liberação do cultivo de uma planta transgênica.
A medida provisória que regulamentou as funções da CTNBio
(Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança) possibilitou a interpretação de que a comissão,
subordinada ao Ministério de
Ciência e Tecnologia, teria o poder de dispensar os estudos de
impacto ambiental.
A dubiedade da lei acabou impedindo a CTNBio de analisar a
biossegurança de diversos produtos, pois uma disputa judicial iniciada em 1998 paralisou as suas
atividades, enquanto se julgava a
real extensão do seu poder.
Nesta semana, a Justiça concedeu liminar que permitiu à
CNTBio retomar suas atividades e
assegurou o caráter final de seus
pareceres técnicos.
A disputa na Justiça começou
após um parecer técnico da comissão favorável ao plantio da soja transgênica produzida pela
Monsanto. Desde então, se discute se o parecer é definitivo -o
que significaria que o cultivo da
soja teria de ser autorizado- ou
apenas uma opinião técnica.
A mesma divergência presente
no tribunal impediu que o grupo
de trabalho interministerial, criado para discutir as novas regras
do setor, pudesse redigir o texto
final do projeto de lei.
Para acabar a disputa, a Casa Civil é quem vai redigir o texto final
que será encaminhado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao
Congresso. A idéia é esclarecer
qual o poder de cada órgão.
"Não foi possível chegar a um
consenso, mas existe um ponto de
equilíbrio", afirma o consultor jurídico do Ministério da Ciência e
Tecnologia, Osiris Lopes Neto.
Segundo ele, prevalecerá projeto no qual a CTNBio manterá o
poder de emitir pareceres definitivos -os ministérios da Agricultura, do Meio Ambiente e da Saúde serão obrigados a reconhecer
que um produto é seguro para o
consumo humano e animal e para
o ambiente, se a comissão decidir.
Ficará claro, no entanto, que a
autorização final para o plantio
dependerá dos processos de certificação, licenciamento e fiscalização dos ministérios envolvidos.
Na prática, isso significará que o
parecer favorável da CTNBio será
apenas mais um passo antes que o
transgênico possa plantado e colhido legalmente.
Texto Anterior: Ajuda: Privatização pode deixar pacote do FMI Próximo Texto: Mercado financeiro: Bovespa registra sétima alta consecutiva Índice
|