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FINTA NA ALCA
Indústrias brasileiras abrem unidades em outros países do continente para contornar restrições comerciais
Empresas driblam protecionismo americano
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
FABÍOLA SALANI
DA REDAÇÃO
Em busca da abertura de novos
mercados, e com o objetivo de
driblar as restrições impostas por
outros países para a entrada de
seus produtos, empresas brasileiras optam por abrir unidades em
nações como Estados Unidos,
México, Canadá e Argentina.
Empresas siderúrgicas, como a
Gerdau, e de suco de laranja, como a Cutrale e a Citrosuco, cuja
produção esbarra em taxas e tarifas elevadas para entrar no mercado americano, investiram na
construção de unidades nos EUA
e no vizinho México.
A Gerdau planeja fechar 2004
com investimentos de US$ 80 milhões distribuídos na América do
Norte, Argentina, Chile e Uruguai. Entre 1995 e 2003, a companhia investiu US$ 1 bilhão para a
aquisição e modernização das
empresas Co-Steel e da AmeriSteel, que estão localizadas na
América do Norte.
A Weg, fabricante de motores e
geradores, prepara-se para inaugurar nova unidade em solo mexicano neste mês, na qual investiu
US$ 15 milhões. O faturamento da
primeira unidade alcançou US$
34,5 milhões em 2003 -sendo
4% em exportações para os EUA.
Outro caso é o da Marcopolo,
fabricante de caminhões e ônibus,
que começou com a instalação de
uma montadora no México, cujo
imposto de importação de produtos desmontados é zero. "A nossa
opção de crescimento foi via internacionalização", diz Carlos
Zignani, diretor de Relações com
o Investidor da empresa.
A montadora possui projetos
em fase de estudo para a entrada
no mercado de ônibus dos EUA
em 2005, ano previsto para a implementação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
O investimento no México se
justifica pois, por ser membro do
Nafta (sigla em inglês para Acordo de Livre Comércio da América
do Norte), o país é uma via de
acesso natural para os EUA.
Investimento restrito
Para Antonio Corrêa de Lacerda, presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica), a internacionalização das empresas brasileiras ainda está restrita a um número pequeno de companhias.
"Ainda não se criou essa cultura. Muitos pensam que um país
como o Brasil não pode ser exportador de capital", argumenta.
O investimento produtivo além
das fronteiras brasileiras não é incompatível com a preocupação
do governo brasileiro com a geração de empregos no país, na avaliação de Michel Alaby, do Conselho de Estudos Econômicos da
Fecomercio SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo).
Segundo ele, o aumento de empresas brasileiras instaladas no
exterior contribuirá para uma elevação da demanda de peças e outros insumos produzidos no Brasil, além de diminuir o potencial
de contenciosos comerciais entre
o Brasil e os demais parceiros.
Plataforma latina
Os EUA são o maior receptor de
investimento estrangeiro direto
brasileiro nas Américas. Das 33
maiores filiais brasileiras, 18 estão
no país, segundo a Unctad (órgão
das Nações Unidas para comércio
e desenvolvimento) compilados
pela consultoria Prospectiva.
Apesar da nítida concentração
nos Estados Unidos, os países do
Mercosul e outros da América Latina também atraem investimentos brasileiros. A Weg, por exemplo, tem unidades na Argentina,
além da fábrica no México.
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