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"RISCO-MENSALÃO"
Em resposta à crise política, governo quer reforçar imagem de austeridade; na prática, aperto deve ser elevado
Lula mantém superávit de 4,25% em 2006
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva já decidiu manter em 4,25%
do PIB (Produto Interno Bruto) a
meta de superávit primário do
ano que vem. Essa meta constará
da proposta de Orçamento Geral
da União para 2006, cujos detalhes finais estão sendo fechados.
Com a decisão, Lula sinaliza desejo de manter a política econômica no atual grau de austeridade
fiscal. O superávit primário é toda
a economia do setor público para
o pagamento de juros de sua dívida -ela é um dos pilares da política econômica do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda).
Na prática, a meta de 4,25% será
o piso do esforço fiscal. Em 2003,
primeiro ano do governo Lula, o
superávit primário ficou exatamente na meta. Em 2004, a meta
foi elevada para 4,5% e fechou o
ano em 4,6% do PIB.
Neste ano, o governo chegou a
pensar em elevar a meta oficialmente, mas achou melhor fazer
um superávit maior na prática.
No acumulado nos últimos 12
meses, o superávit real está em
cerca de 5% do PIB. A expectativa
da área econômica é que termine
2005 entre 4,6% e 4,7%.
A austeridade fiscal tem sido
bancada por Lula e foi reforçada
na crise política, pois a economia
é vista pela cúpula do governo como a única saída para a recuperação de popularidade e até uma
eventual reeleição do presidente.
Exemplo: na reunião ministerial
da última sexta-feira, Lula disse
que era a "credibilidade" que seu
governo conquistara na economia que o mantinha "vivo" no
atual momento de grave crise política. "Temos de trabalhar para
continuar a manter a credibilidade. Estamos queimando um pouco agora. Vamos trabalhar para
mantê-la", disse Lula, segundo relato de ministros à Folha.
Na reunião, Lula repetiu que
não mudaria a política econômica
toda vez que um ministro pediu
mais verbas. "Não vamos mexer
nisso [política econômica] de jeito nenhum", afirmou o presidente. Ele avalia que uma política econômica abençoada pelas elites nacional e internacional é seu maior
trunfo para tentar superar a atual
crise.
A manutenção da meta de superávit primário em 4,25% põe fim a
debates internos no governo e no
PT a respeito de mudá-la. Alguns
membros da equipe econômica
gostariam de elevá-la oficialmente. Já petistas, como o novo presidente do PT, Tarso Genro, gostariam de diminuir essa meta.
O ministro do Planejamento,
Paulo Bernardo, disse que Lula
"tem falado que não pretende
mudar uma política macroeconômica que está dando certo, como
mostram os resultados de emprego e de crescimento da economia
com inflação baixa e sob controle". Segundo Bernardo, os ministérios já foram informados dos limites para gastos e só falta decidir
com o presidente se haverá modificações pontuais para algumas
pastas e projetos específicos.
Crescimento de 4,5%
O Orçamento de 2006, que será
enviado ao Congresso no final do
mês, prevê um crescimento 4,5%
do PIB, que nominalmente deverá chegar a R$ 2,139 trilhões. Na
avaliação do governo, haverá uma
forte retomada do crescimento
econômico no segundo semestre
deste ano que terá reflexos positivos para o crescimento no próximo ano, quando haverá eleição
presidencial.
Na proposta orçamentária do
governo, a intenção é reajustar o
salário mínimo de R$ 300 para R$
320 -correção de 6,86% em relação ao valor fixado por este ano e
que o governo espera que seja
mantido pela Câmara em votação
nesta semana.
Na avaliação do governo, a inflação em 2006 será de 4,77%, de
acordo como IPCA (Índice de
Preços ao Consumidor Amplo).
O IPCA é o parâmetro da meta de
inflação. Para 2006, essa meta foi
fixada em 4,5%. Uma eventual inflação de 4,77% estaria dentro do
intervalo de tolerância do sistema
de metas, que é de dois pontos
percentuais para mais ou para
menos.
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