São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 2005

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IGP-10 registra terceira deflação seguida, com -0,52% em agosto

JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

A inflação medida pelo IGP-10 (Índice Geral de Preços -10) registrou uma taxa negativa de 0,52% em agosto. Trata-se do quarto mês consecutivo sem avanço de preços captado pelo índice. Em maio, o IGP-10 havia ficado estável e desde então o índice registra sucessivas variações negativas.
A queda nos preços foi ainda mais intensa do que no mês passado, quando o IGP-10 havia apurado deflação de 0,37%, e é a menor taxa desde julho de 2003.
Em agosto, o IGP-10 registrou desaceleração generalizada de preços no atacado, varejo e na construção civil.
O movimento de queda, no entanto, teve mais peso nos preços no atacado, cuja taxa passou de -0,64% em julho para -0,78% em agosto.
Segundo o coordenador de Análises Econômicas da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Salomão Quadros, houve uma mudança significativa nos componentes da deflação.
Nos últimos três meses, o ciclo de queda nos preços foi motivado basicamente pelo comportamento do dólar. Em agosto, o recuo foi resultado da queda acentuada das matérias-primas agrícolas.
"A justificativa para a deflação se desloca para alguns mercados de matérias-primas agropecuárias, como o mercado de bovinos, os preços do café e da soja. É como se estivéssemos diante de uma nova onda de queda de preços, em que os fatores macroeconômicos perdem um pouco a importância e os fatores setoriais passam a ser o principal", afirmou Quadros.
Os bovinos passaram de 0,16% em julho para -1,64%. A perspectiva de aumento das exportações de carne levou o mercado a registrar uma oferta maior de animais para abate, segundo a FGV.
A soja registrou queda de 1,7% após apurar alta de 3% no mês passado, influenciada pela cotação no mercado internacional e pelo câmbio, como efeito secundário.
A nova onda de queda de preços agrícolas deve beneficiar o consumidor nos próximos meses. Para Quadros, ainda existe espaço para repasses do atacado para o varejo.
Outro fator para a desaceleração no atacado foi a queda dos combustíveis, principalmente a do óleo combustível. Com o aumento do preço do petróleo no mercado internacional, a tendência é que eles voltem a pressionar a taxa na próxima medição.
O menor efeito do câmbio pode ser verificado pela aceleração do grupo materiais e componentes para manufatura. Ele reúne itens como ferro, resinas plásticas e químicos e tem forte influência sobre diversos segmentos da indústria. Sua taxa passou de -1,86% para -1,08%.
A desaceleração nos preços ao consumidor foi bem mais suave do que a verificada no atacado. A inflação no varejo passou de -0,04% para -0,07% em agosto.
Apenas dois grupos apresentaram taxas inferiores às do mês passado: vestuário, influenciado pelas promoções de inverno, e despesas diversas, que registrou menor pressão da mensalidade para internet.


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