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IGP-10 registra terceira deflação seguida, com -0,52% em agosto
JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
A inflação medida pelo IGP-10 (Índice Geral de Preços -10)
registrou uma taxa negativa de
0,52% em agosto. Trata-se do
quarto mês consecutivo sem
avanço de preços captado pelo
índice. Em maio, o IGP-10 havia ficado estável e desde então
o índice registra sucessivas variações negativas.
A queda nos preços foi ainda
mais intensa do que no mês
passado, quando o IGP-10 havia apurado deflação de 0,37%,
e é a menor taxa desde julho de
2003.
Em agosto, o IGP-10 registrou desaceleração generalizada de preços no atacado, varejo
e na construção civil.
O movimento de queda, no
entanto, teve mais peso nos
preços no atacado, cuja taxa
passou de -0,64% em julho para -0,78% em agosto.
Segundo o coordenador de
Análises Econômicas da FGV
(Fundação Getúlio Vargas), Salomão Quadros, houve uma
mudança significativa nos
componentes da deflação.
Nos últimos três meses, o ciclo de queda nos preços foi motivado basicamente pelo comportamento do dólar. Em agosto, o recuo foi resultado da queda acentuada das matérias-primas agrícolas.
"A justificativa para a deflação se desloca para alguns mercados de matérias-primas
agropecuárias, como o mercado de bovinos, os preços do café e da soja. É como se estivéssemos diante de uma nova onda de queda de preços, em que
os fatores macroeconômicos
perdem um pouco a importância e os fatores setoriais passam
a ser o principal", afirmou
Quadros.
Os bovinos passaram de
0,16% em julho para -1,64%. A
perspectiva de aumento das exportações de carne levou o
mercado a registrar uma oferta
maior de animais para abate,
segundo a FGV.
A soja registrou queda de
1,7% após apurar alta de 3% no
mês passado, influenciada pela
cotação no mercado internacional e pelo câmbio, como
efeito secundário.
A nova onda de queda de
preços agrícolas deve beneficiar o consumidor nos próximos meses. Para Quadros, ainda existe espaço para repasses
do atacado para o varejo.
Outro fator para a desaceleração no atacado foi a queda dos
combustíveis, principalmente
a do óleo combustível. Com o
aumento do preço do petróleo
no mercado internacional, a
tendência é que eles voltem a
pressionar a taxa na próxima
medição.
O menor efeito do câmbio
pode ser verificado pela aceleração do grupo materiais e
componentes para manufatura. Ele reúne itens como ferro,
resinas plásticas e químicos e
tem forte influência sobre diversos segmentos da indústria.
Sua taxa passou de -1,86% para
-1,08%.
A desaceleração nos preços
ao consumidor foi bem mais
suave do que a verificada no
atacado. A inflação no varejo
passou de -0,04% para -0,07%
em agosto.
Apenas dois grupos apresentaram taxas inferiores às do
mês passado: vestuário, influenciado pelas promoções de
inverno, e despesas diversas,
que registrou menor pressão
da mensalidade para internet.
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