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Crise faz dólar e Bolsas romperem barreiras
Pela 1ª vez desde maio, moeda fecha acima dos R$ 2, enquanto Bovespa fica abaixo dos 50 mil pontos, com queda de 3,19%
Estrangeiros vendem ativos brasileiros; incertezas fazem Dow Jones ficar abaixo
dos 13 mil pontos pela primeira vez desde abril
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A turbulência levou o mercado financeiro a romper barreiras que não eram ameaçadas
havia três meses. O dólar subiu
2,27% e passou de R$ 2 pela primeira vez desde 14 de maio, fechando a R$ 2,03 -maior cotação desde 4 de maio. A moeda já
subiu 7,8% neste mês.
A Bovespa caiu 3,19% e ficou
abaixo da marca dos 50 mil
pontos, o que não ocorria desde
o início de maio, fechando a
49.285 pontos -seu mais baixo
patamar desde 30 de abril. No
ano, a Bovespa ainda acumula
alta de 10,8%. Já o risco-país
brasileiro subiu 1,5% e encerrou a 200 pontos.
Nos EUA, o Dow Jones, principal índice da Bolsa de Nova
York, caiu 1,29% e fechou abaixo dos 13 mil pontos pela primeira vez desde 24 de abril.
Nos últimos dias, os ativos
(ações, títulos e moedas) brasileiros sofreram com a aceleração da saída de capital externo.
Os estrangeiros têm vendido
ativos de países emergentes como o Brasil para elevar sua liquidez e assumir posições mais
defensivas diante de uma volatilidade que deve perdurar.
"Nos últimos meses, muito
investidor tomou empréstimos
baratos no mercado internacional e aplicou em ativos de
maior risco, como Bolsa e títulos de emergentes. Agora estão
reduzindo essas posições mais
arriscadas", avalia Alexandre
Lintz, estrategista-chefe do
banco BNP Paribas.
Os pregões novamente foram
de muita oscilação, com as Bolsas chegando a subir nas primeiras horas. Mas o pessimismo deu o tom final, e os mercados não tiveram como evitar o
fechamento no vermelho.
Entre os latino-americanos,
a maior perda ficou com o índice Merval, de Buenos Aires
(-5,17%). No México, a Bolsa
caiu 2,61%.
Na Europa, as quedas foram
menos intensas, pois as Bolsas
fecharam antes da piora do
mercado. A Bolsa de Londres
teve baixa de 0,56%.
Na Bovespa, o fato de ontem
ter havido vencimento de contratos colaborou para a instabilidade e fez com que o montante negociado fosse recorde, de
R$ 18,43 bilhões.
A informação de que a Merrill Lynch alterou de compra
para venda a sua recomendação para as ações da Countrywide Financial -maior financiadora imobiliária dos EUA-
colaborou para a piora no dia,
apesar de importante índice de
inflação ter sido positivo.
Há três semanas, os mercados globais têm sofrido com a
crise que abala o setor de crédito imobiliário de alto risco nos
EUA. Enquanto alguns analistas vêem um "ajuste positivo"
de mercados que estavam em
seus picos históricos, há o temor de que a crise atinja os fundamentos das economias,
ameaçando o crescimento.
Com a continuidade da crise,
o Fed (BC dos EUA) injetou
mais US$ 7 bilhões no sistema
financeiro, como tem feito desde quinta, para tentar equilibrar o mercado. Hoje, o BC japonês emprestou 2,5 bilhões.
Dólar
O BC voltou ontem a não
atuar no mercado, ao contrário
do que vinha fazendo há um
ano. "Os estrangeiros têm mudado suas posições na BM&F.
Isso significa que aumentou a
demanda por dólares no mercado", diz João Medeiros, da
corretora de câmbio Pionner.
No dia 8, antes de a crise se
acentuar, os estrangeiros estavam "vendidos" (aposta em
queda da moeda) em dólar em
US$ 4,79 bilhões. Na terça, essa
posição havia encolhido para
US$ 1,82 bilhão, o que mostra
que estão mais confiantes no
movimento de alta do dólar.
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