São Paulo, quinta-feira, 16 de agosto de 2007

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Agências de publicidade devem abrir capital

Grupos como Ypy, Total e Eugenio contratam profissionais do mercado financeiro para preparar entrada na Bolsa

Avaliação é que turbulência nos mercados é passageira; grupo Ypy investirá R$ 100 mi até 2010 em aquisição e novos negócios

Moacyr Lopes - 30.out.06/Folha Imagem
Nizan Guanaes, do grupo Ypy, que investirá R$ 100 mi até 2010 e se prepara para abrir o capital da empresa, como outras do setor


CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo com a turbulência, a ebulição do mercado de capitais brasileiro tem feito com que várias agências de propaganda comecem a estruturar seus negócios de olho numa futura abertura de capital. Os grupos de comunicação Ypy, Total e Eugenio estão entre elas.
Com as agências Africa, DM9DDB, MPM e Loducca em seu guarda-chuva, o grupo Ypy anunciou ontem a incorporação de quatro novas agências à divisão B/Ypy, destinada à prestação de serviços especializados, como marketing direto e comunicação no ponto-de-venda.
As agências NewStyle, ReUnion e Sunset foram adquiridas, e a Hello, Interactive, criada. O grupo Ypy está destinando R$ 100 milhões para aquisições e formação de novos negócios entre 2007 e 2010. A empresa também espera associar-se a um investidor em breve.
"Ampliamos as áreas de atuação do grupo para dividir os riscos em várias cestas", afirma Guga Valente, presidente do grupo Ypy. "Dessa maneira, se um dia uma das agências perder uma conta importante, a empresa ficará menos sujeita a oscilações."
Em números, isso significará que a participação da área de serviços na receita do grupo, que será de R$ 310 milhões em 2007, passará de 13% neste ano para 30% em 2008.
A estratégia parece fazer sentido para profissionais do mercado financeiro. Segundo Paulo de Tarso Barbosa, sócio da Proinvest, consultoria especializada em abertura de capital, o negócio das empresas de comunicação é volátil e, por isso, os investidores serão mais cuidadosos e precificarão a incerteza. "O mercado ficará mais seletivo, mas há espaço para empresas de propaganda abrirem capital, uma vez que há grandes grupos internacionais da área nas bolsas", diz Barbosa.
Nizan Guanaes, sócio do Ypy, afirma que sua equipe tem montado o negócio inspirando-se exatamente em grupos internacionais de propaganda, como WPP, Omnicom e Publicis.
"Não estou inventando a roda", afirma Guanaes. "Aliás, quero que o Martin Sorrell [presidente do WPP] me processe por plágio. Se a França pode ter uma multinacional de propaganda, por que o Brasil não pode?"
O especialista em gestão Vicente Falconi é o consultor do Ypy no processo de abertura de capital, que deverá ser concluído em dois anos. "Prefiro ter 5% numa empresa perene do que 100% em algo que será superado", diz Guanaes.

Total
O grupo Total, controlador das agências Fischer America entre outras, contratou recentemente Ismael Brandão Neto como vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios e Relações com o Mercado.
Apesar de não falar sobre os preparativos para a abertura de capital, o grupo Total vem trabalhado nesse projeto há mais de um ano e contratou várias pessoas ligadas ao mercado financeiro. Brandão Neto tinha sido chefe de investimentos do Standard Bank London, da Société Generale e do ING Bank.
Outro grupo que tem diversificado seus negócios com o objetivo de entrar na Bolsa é o Eugenio. Especializada no setor imobiliário, a agência criou divisões para atuar em áreas como feiras internacionais e conteúdo. Além disso, também lançará em um mês a agência E, que atuará com varejo e produtos de consumo.
"O mercado publicitário sobrevive de bônus de veiculação [comissão paga por veículos de comunicação para que as agências concentrem os anúncios de seus clientes nesses veículos] e é impossível explicar para um investidor se esse é um negócio lícito", diz Maurício Eugenio, presidente do grupo Eugenio.
"Por isso publicidade será apenas uma das atividades do nosso grupo de empresas." Apesar de a crise nas bolsas ter sido causada pelo mercado imobiliário, Eugenio acredita que a tendência de crescimento dessa área no país é irreversível.


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