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Investimento em petroquímica deve crescer 220%, diz BNDES
Segundo estudo do banco, injeção de recursos chegará a R$ 17,6 bi até 2010 e a maior parte será destinada ao Complexo Petroquímico do Rio, concebido pela Petrobras
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O setor petroquímico deverá
investir R$ 17,6 bilhões no período 2007-2010, o que significará um crescimento de 220%
em relação aos R$ 5,5 bilhões
investidos entre 2003 e 2006,
segundo estudo do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A maior parte dos recursos
será concentrada no Comperj
(Complexo Petroquímico do
Rio de Janeiro), concebido pela
Petrobras para enfrentar o
principal obstáculo à expansão
da produção petroquímica nacional, que é a carência de matéria-prima local.
A indústria petroquímica
consome 10 milhões de toneladas de nafta por ano, mas a Petrobras só tem capacidade para
fornecer 70% desse volume -o
restante é importado. Com o
crescimento do país, haveria
pressão por aumento de importação de nafta ou de produtos
petroquímicos acabados.
A saída para o impasse concebida pela Petrobras é a construção do Comperj, que utilizará como matéria-prima o petróleo pesado extraído pela estatal do Campo de Marlim, em
Campos, no Rio de Janeiro.
A fabricação de petroquímicos a partir desse tipo de matéria-prima é uma tecnologia nova, utilizada apenas em pequena escala na China, diz o presidente do Conselho Diretor da
Abiquim (Associação Brasileira
da Indústria Química), Carlos
Mariani Bittencourt.
No estudo "Perspectivas do
Investimento 2007-2010", o
BNDES estima que os investimentos de R$ 17,6 bilhões no
setor petroquímico elevarão
em 45% a capacidade de produção de eteno, principal insumo
petroquímico, que hoje está em
3,4 milhões de toneladas/ano.
Bittencourt ressalta que o
Comperj será o próximo passo
da indústria petroquímica nacional, depois do processo de
concentração que deverá ser
concluído neste ano, do qual
sairão duas grandes empresas.
Chamado de "consolidação",
esse movimento mudou a configuração que a petroquímica
tinha desde antes da privatização, na década de 90. Desde que
surgiu, nos anos 60 e 70, o setor
era formado por empresas de
pequeno porte, que fabricavam
apenas um tipo de produto e
não integravam diferentes etapas de produção.
Esse modelo não permitia a
internacionalização das empresas, restringia ganhos de escala e limitava a capacidade de
investimento e expansão. Por
isso, a concentração passou a
ser vista como inevitável.
Esse movimento começou
em 2002, com a criação da
Braskem, do grupo Odebrecht,
que concentrou os ativos do pólo petroquímico de Camaçari,
na Bahia. Há quatro meses, a
mesma companhia incorporou
as atividades petroquímicas da
Ipiranga -comprada em conjunto com Petrobras e Ultra
por US$ 4 bilhões- e passou a
dominar também a produção
do setor no sul.
A consolidação das duas regiões nas mãos da Braskem
acelerou a concentração no Sudeste, região que é dividida entre a Suzano Petroquímica e a
Unipar. A união das duas empresas era discutida desde
2002, mas teve início de maneira surpreendente há duas semanas, com a compra da Suzano pela Petrobras, a um preço
considerado excessivo pelo
mercado -R$ 2,7 bilhões.
No anúncio da aquisição, o
presidente da Petrobras, José
Sergio Gabrielli, afirmou que a
análise do preço deveria levar
em conta o interesse estratégico da estatal na criação de uma
grande empresa petroquímica
na região Sudeste.
No último fim de semana, a
Petrobras afastou o temor de
que promoveria uma reestatização do setor com o anúncio
de que negocia a fusão da Suzano com a Unipar em uma nova
empresa, batizada de Companhia Petroquímica do Sudeste.
A Unipar espera ter 60% do
negócio, o que deixaria a estatal
com 40%. Essa é a mesma relação existente entre Braskem e
Petrobras no controle dos ativos petroquímicos da Ipiranga.
A Petrobras é a maior fornecedora de matéria-prima do setor e o modelo desenhado para
a consolidação previa sua participação minoritária nas empresas -daí a reação quando ela
anunciou a compra da Suzano.
A Braskem temia que a Petrobras controlasse a empresa e
desequilibrasse a concorrência.
Finalizada a consolidação, a
etapa seguinte será o Comperj,
maior projeto da história da Petrobras, que deverá consumir
investimentos de US$ 8,5 bilhões (R$ 17 bilhões) até 2012,
quando entrará em operação.
A estatal investirá US$ 5,2 bilhões na refinaria que fornecerá matéria-prima. O setor privado deve investir o restante.
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