São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2008

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Para Gabrielli, criação de estatal do pré-sal não afeta Petrobras

Presidente da empresa diz que perda de valor de mercado não tem ligação com proposta do governo de criar companhia 100% estatal

Segundo executivo, redução de quase US$ 100 bi no valor das ações em 3 meses é reflexo do recuo da cotação internacional do petróleo


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, afirmou que a perda de valor de mercado da companhia não tem a ver com a discussão sobre a mudança do marco regulatório para o pré-sal e a possível criação de uma nova estatal para administrar a promissora província petrolífera. Trata-se, segundo ele, de um reflexo da queda da cotação do petróleo, que também afeta outras petroleiras.
Após encostar nos US$ 150 o barril, a cotação do petróleo cedeu com força no último mês e já se aproxima dos US$ 110. "A queda de valor de mercado da Petrobras está associada ao preço do petróleo. Caiu o da Esso. Caiu o da Shell, assim como todas as empresas no mundo."
Desde 20 de maio, o valor de mercado da Petrobras caiu US$ 97,5 bilhões -de US$ 303,7 bilhões para US$ 206,1 bilhões, segundo dados da Economática. Foi a maior retração entre companhias de capital aberto da América Latina e dos EUA.
Indagado se a idéia de criar uma nova estatal fez as ações da companhia recuarem, Gabrielli respondeu: "Não acredito, porque até agora não houve definição nenhuma sobre o futuro, e é o futuro que define o comportamento de muitos investidores. Outros investidores estão olhando muito o curto prazo. Também tem muita especulação no curto prazo nas ações."

Receio
Analistas afirmam, porém, que a possível criação da nova estatal 100% da União, em análise no governo, empurra os papéis para baixo, ao lado da queda do petróleo e da saída de investidores estrangeiros da Bolsa brasileira. Um dos principais receios é o de que os atuais campos da Petrobras no pré-sal migrem para a nova empresa -o que até agora vinha sendo descartado pelo governo.
Questionado se existe de fato essa possibilidade, porém, Gabrielli afirmou: "Eu não vou discutir a questão. Esse é um tema da discussão da comissão interministerial. E eu estou discutindo essas posições na comissão e não vou discutir pela imprensa".
Afirmou, no entanto, que a companhia já traça planos para a exploração das áreas já licitadas do pré-sal e que a Petrobras, junto com suas parceiras, conseguirão suportar os pesados investimentos necessários para desenvolver a produção de óleo e gás nessas áreas. Em outubro, será divulgado o novo plano estratégico já com investimentos no pré-sal.
"No entorno de Tupi e nas áreas em que temos concessões, temos condições, sim [de suportar os investimentos]. Agora, para toda a área do pré-sal provavelmente será necessário um novo marco regulatório, uma nova situação e novos investidores."
Para as novas áreas sem licitação, diz, o modelo de investimento "vai depender do que será definido" pela comissão interministerial que estuda mudanças na regulação do pré-sal.

Defesa
Presente ao lançamento do programa institucional "Petrobras Ambiental", o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) saiu em defesa da companhia e criticou a proposta de criação de uma nova estatal.
"A Petrobras tem de ser fortalecida, e não enfraquecida. Qualquer medida para diminuir o escopo da Petrobras tem de ser repensada. Tem de haver cautela", afirmou o ministro.
Minc anunciou ontem que o Ibama abrirá um escritório de licenciamento ambiental na área de petróleo e gás em Sergipe com o objetivo de agilizar licenças nas regiões Norte e Nordeste. Atualmente, todo o trabalho é feito no Rio de Janeiro.


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