São Paulo, Quinta-feira, 16 de Setembro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MERCOSUL
Órgão técnico fará auditoria semelhante às medidas do país vizinho no caso de calçados brasileiros
Brasil vai inspecionar leite argentino

Alan Marques - 18.ago.99/Folha Imagem
O ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, que nega ato de retaliação nas medidas de inspeção


ANA PAULA RAGAZZI
da Sucursal de Brasília

O ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, informou ontem que a Secretaria de Defesa Agropecuária brasileira vai iniciar, a partir do próximo dia 27, uma auditoria sobre o sistema de inspeção sanitária e as condições técnicas dos estabelecimentos argentinos que exportem produtos lácteos ao Brasil.
Em reserva, a medida é tratada no governo como uma resposta às medidas protecionistas adotadas pela Argentina em relação aos calçados e ao papel produzidos no Brasil, como a exigência de certificados de qualidade e de pedidos de autorização para que os dois produtos entrem naquele país.
Pratini disse que não se trata de retaliação, mas de uma "mera coincidência": "Estamos defendendo e protegendo o consumidor brasileiro. Quero deixar claro que o Brasil está exigindo dos produtos agropecuários que importa as mesmas condições que são exigidas aos produtos que exporta".
A medida atinge apenas os produtos argentinos, mas o ministro não exclui a possibilidade de estendê-la a outros países: "Estamos começando pela Argentina porque nosso maior volume de importação de produtos agropecuários vem de lá".
Na noite de ontem, o embaixador José Alfredo Graça Lima, chefe da subsecretaria de Assuntos Econômicos do Itamaraty, e o secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior, José Botafogo Gonçalves, embarcariam para Buenos Aires como integrantes de uma missão destinada a negociar um acordo para que a Argentina adie a implantação das medidas impostas aos calçados, que podem causar prejuízos de US$ 80 milhões à indústria nacional.
Segundo Graça Lima, a situação está próxima ao limite, mas o Brasil quer dar aos argentinos a oportunidade de fazer uma proposta.
"Eu posso adiantar que, devido ao momento político atual na Argentina (eleições presidenciais estão marcadas para outubro), será difícil, para não dizer impossível, que essas medidas sejam totalmente revogadas. O Brasil se dará por satisfeito se considerar que conseguiu ajudar o governo argentino a resistir a pressões protecionistas."
De acordo com dados do Ministério da Agricultura, o Brasil importa 2 milhões de toneladas de produtos lácteos por ano. O principal item de negócios com a Argentina é o leite em pó (cerca de 40%). De janeiro a agosto de 98, o Brasil importou 72 mil toneladas do produto, e, no mesmo período de 99, 91 mil toneladas.
"Houve um crescimento de 20%, o que é uma indicação de que o comércio com a Argentina continua crescendo", afirmou.


Texto Anterior: Cerveja: AmBev é impedida de negociar ações
Próximo Texto: Economista defende ação mais cautelosa
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.