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Fabricantes criticam a medida
ANDRÉ SOLIANI
de Buenos Aires
"Só falta o Brasil fechar a fronteira para o leite argentino", afirmou o gerente-geral da CIL (associação dos produtores de lacticínios da argentina), Jorge Secco, ao
saber que o seu maior parceiro
comercial irá ser mais rígido nas
inspeções fitossanitárias de fronteira.
Para os produtores de leite da
Argentina, o governo brasileiro
está dificultando a entrada do
produto do país vizinho há alguns
meses. Na semana passada, Secco
disse que o Brasil proibiu a compra governamental de leite em pó
argentino.
O departamento de defesa comercial brasileiro também analisa
um processo de práticas desleais
de comércio (dumping) na venda
de leite em pó, por parte dos produtores vizinhos. Caso seja confirmado o dano no processo, poderão ser estabelecidas barreiras à
importação do produto.
Secco reclama da dificuldade
para conseguir as autorizações (licenças não-automáticas) para a
exportação de produtos lácteos.
Segundo ele, antes as licenças de
importação eram emitidas em 48
horas. "Nos últimos meses, tem
demorado de 20 a 30 dias", diz.
A indústria de leite da Argentina é uma das poucas que conseguiram aumentar suas exportações para o Brasil este ano, mesmo com a recessão na região e a
forte desvalorização do real.
Comércio
Nos primeiros sete meses do
ano passado, o parceiro brasileiro
exportou cerca de US$ 135 milhões. No mesmo período deste
ano, a venda para o Brasil alcançou US$ 166 milhões, dos quais
US$ 140 milhões são de leite em
pó. Os dados são da CIL.
Do total exportado pela Argentina (20% da produção nacional
de lácteos), aproximadamente
80% têm como destino o Brasil.
Para o ex-secretário de Comércio Exterior Raúl Ochoa, "o Brasil
está mostrando que as medidas
protecionistas adotadas pela Argentina, no setor de calçados e papéis, não são grátis".
O ex-secretário e atual consultor privado afirmou que o Brasil
escolheu um dos poucos setores
exportadores dinâmicos no país
para retaliar.
Mas Ochoa acredita que o atual
governo não vai voltar atrás nas
medidas, pois está muito débil no
final do mandato de Carlos Menem, que passa a faixa presidencial no dia 10 de dezembro.
O gerente da CIL, por sua vez,
acha injusto a indústria láctea pagar a conta por problemas comerciais de outros setores. "Os problemas de cada área devem ser resolvidos dentro das associações
de classe de cada setor", afirmou.
"Não é justo colocar um setor
de refém, por causa de outros",
completou.
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