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TENSÃO PÓS-COPOM
Com alta de ontem, taxa vai para 9,47%, atrás só da Turquia
País tem 2º maior juro real do mundo
DA REPORTAGEM LOCAL
Com a elevação da taxa básica
de juros da economia, o Brasil
manteve a segunda posição entre
os países com juros reais mais altos do mundo.
Levantamento realizado pela
consultoria Global Invest revela
que, após a alta da taxa básica (Selic) anunciada na noite de ontem,
os juros reais passaram para
9,47%, os maiores desde maio.
Essa taxa de juros real foi obtida
a partir da nova Selic, descontado
o IPCA projetado para os próximos 12 meses -o indicador para
as metas de inflação do governo
federal.
A Turquia segue na liderança
mundial, com uma taxa real de
10,9% ao ano.
Por um outro critério mais comum -com base na taxa prefixada de juros para um período de
360 dias e nas projeções do mercado para a inflação pelos próximos 12 meses-, os juros reais
brasileiros estão em torno de
11,15%, o que também representa
os maiores níveis desde meados
de maio.
Essa medida é usada por analistas financeiros para avaliar o desempenho futuro da economia,
pois investidores utilizam essa taxa de juros reais para tomar suas
decisões.
Se os juros reais projetados estão baixos, empresários concluem que poderão lucrar mais
investindo na atividade produtiva
do que aplicando no mercado financeiro. Se essa taxa real aumenta, pode acabar atraindo recursos
para o mercado financeiro, em
detrimento de investimentos produtivos.
Para Miguel Ribeiro de Oliveira,
vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos
de Finanças, Administração e
Contabilidade), os juros reais já
estavam bastante altos, o que não
justificaria elevar a Selic, como foi
decidido ontem.
"Os juros reais vinham crescendo nas últimas semanas e estavam
muito altos", disse.
No início deste ano -utilizando o critério de taxas prefixadas
de 360 dias-, os juros reais chegaram a ficar abaixo dos 9%. Mas
voltaram a subir com força no fim
de abril para alcançar seu pico em
maio (acima dos 12%).
Para Maurício Oreng, economista do Unibanco, a curva dos
juros futuros já tinha subido nos
últimos dias, movimento que elevou os juros reais.
"E os juros reais são até mais
importantes que a Selic para a atividade econômica", afirma o economista do Unibanco.
Para os economistas que defendiam a manutenção da Selic, a alta
recente dos juros reais era um dos
motivos que permitiriam uma decisão nesse sentido.
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