São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2004

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TENSÃO PÓS-COPOM

Com alta de ontem, taxa vai para 9,47%, atrás só da Turquia

País tem 2º maior juro real do mundo

DA REPORTAGEM LOCAL

Com a elevação da taxa básica de juros da economia, o Brasil manteve a segunda posição entre os países com juros reais mais altos do mundo.
Levantamento realizado pela consultoria Global Invest revela que, após a alta da taxa básica (Selic) anunciada na noite de ontem, os juros reais passaram para 9,47%, os maiores desde maio.
Essa taxa de juros real foi obtida a partir da nova Selic, descontado o IPCA projetado para os próximos 12 meses -o indicador para as metas de inflação do governo federal.
A Turquia segue na liderança mundial, com uma taxa real de 10,9% ao ano.
Por um outro critério mais comum -com base na taxa prefixada de juros para um período de 360 dias e nas projeções do mercado para a inflação pelos próximos 12 meses-, os juros reais brasileiros estão em torno de 11,15%, o que também representa os maiores níveis desde meados de maio.
Essa medida é usada por analistas financeiros para avaliar o desempenho futuro da economia, pois investidores utilizam essa taxa de juros reais para tomar suas decisões.
Se os juros reais projetados estão baixos, empresários concluem que poderão lucrar mais investindo na atividade produtiva do que aplicando no mercado financeiro. Se essa taxa real aumenta, pode acabar atraindo recursos para o mercado financeiro, em detrimento de investimentos produtivos.
Para Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), os juros reais já estavam bastante altos, o que não justificaria elevar a Selic, como foi decidido ontem.
"Os juros reais vinham crescendo nas últimas semanas e estavam muito altos", disse.
No início deste ano -utilizando o critério de taxas prefixadas de 360 dias-, os juros reais chegaram a ficar abaixo dos 9%. Mas voltaram a subir com força no fim de abril para alcançar seu pico em maio (acima dos 12%).
Para Maurício Oreng, economista do Unibanco, a curva dos juros futuros já tinha subido nos últimos dias, movimento que elevou os juros reais.
"E os juros reais são até mais importantes que a Selic para a atividade econômica", afirma o economista do Unibanco.
Para os economistas que defendiam a manutenção da Selic, a alta recente dos juros reais era um dos motivos que permitiriam uma decisão nesse sentido.


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