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Comércio diz que tentará evitar alta
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O comércio vai tentar negociar
com os bancos e as financeiras,
que determinam os juros cobrados na maioria das lojas, para que
a alta da Selic não atinja o consumidor agora. Para evitar que a elevação espante o consumidor, algumas redes informaram ontem
que, a princípio, não mexem nas
taxas. Cálculos mostram que,
com a decisão de ontem, a taxa
média de juros para pessoas físicas passa de 140,58% ao ano
(7,59% ao mês) para 141,12% ao
ano (7,61%).
Para as pessoas jurídicas (empresas), o juro médio aumenta de
66,88% ao ano (4,36% ao mês) para 67,27% ao ano (4,38% ao mês),
segundo dados da Anefac (Associação Nacional dos Executivos
de Finanças, Administração e
Contabilidade).
"Ainda vamos ter de verificar se
os custos financeiros sobem com
essa medida. No entanto, até verificarmos isso, a taxa não muda",
disse Michael Klein, diretor-superintendente das Casas Bahia. A rede opera com a menor taxa do
mercado hoje, 1% ao mês.
Na Lojas Cem, não deve ocorrer
um repasse do aumento da Selic
para as taxas cobradas pela rede.
Segundo a direção informou na
última semana, haveria uma pressão maior em seus custos de financiamento se o aumento na Selic atingisse 0,5 ponto percentual.
Entretanto é preciso ficar claro
que são poucas as redes com capital próprio para financiamento, e
que podem tentar não repassar o
aumento nas taxas. O varejo no
país é povoado de pequenos negócios, que dependem de bancos
para dar crédito ao consumidor.
Os principais bancos do país
não se posicionaram ontem a respeito de que estratégia adotarão.
Efeito psicológico
Com a alta de 0,25 ponto, a diferença ao consumidor estará nos
centavos e, portanto, a preocupação de representantes do setor
acaba se concentrando mais no
efeito psicológico dessa decisão
do que nos reflexos para o bolso.
"O efeito psicológico negativo
que os juros mais altos geram sobre as expectativas da população
causará uma retração na demanda, prejudicando a tênue recuperação que o varejo iniciou neste
ano", disse Abram Szajman, presidente da Fecomercio SP.
Pelas contas da Anefac, o crediário em uma loja no valor de R$
800, antes da alta na Selic, equivalia a uma prestação mensal de R$
95,47 em 12 vezes. Ao final de um
ano, o valor atingiria R$ 1.145,54.
Agora, com a elevação na taxa básica da economia, os mesmos R$
800 custam ao bolso do comprador R$ 95,58. Isso equivale a um
valor final a prazo de R$ 1.146,96.
Com a diferença de R$ 1,42 não
é possível comprar uma passagem de ônibus sequer.
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