São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2004

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Comércio diz que tentará evitar alta

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O comércio vai tentar negociar com os bancos e as financeiras, que determinam os juros cobrados na maioria das lojas, para que a alta da Selic não atinja o consumidor agora. Para evitar que a elevação espante o consumidor, algumas redes informaram ontem que, a princípio, não mexem nas taxas. Cálculos mostram que, com a decisão de ontem, a taxa média de juros para pessoas físicas passa de 140,58% ao ano (7,59% ao mês) para 141,12% ao ano (7,61%).
Para as pessoas jurídicas (empresas), o juro médio aumenta de 66,88% ao ano (4,36% ao mês) para 67,27% ao ano (4,38% ao mês), segundo dados da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).
"Ainda vamos ter de verificar se os custos financeiros sobem com essa medida. No entanto, até verificarmos isso, a taxa não muda", disse Michael Klein, diretor-superintendente das Casas Bahia. A rede opera com a menor taxa do mercado hoje, 1% ao mês.
Na Lojas Cem, não deve ocorrer um repasse do aumento da Selic para as taxas cobradas pela rede. Segundo a direção informou na última semana, haveria uma pressão maior em seus custos de financiamento se o aumento na Selic atingisse 0,5 ponto percentual.
Entretanto é preciso ficar claro que são poucas as redes com capital próprio para financiamento, e que podem tentar não repassar o aumento nas taxas. O varejo no país é povoado de pequenos negócios, que dependem de bancos para dar crédito ao consumidor.
Os principais bancos do país não se posicionaram ontem a respeito de que estratégia adotarão.

Efeito psicológico
Com a alta de 0,25 ponto, a diferença ao consumidor estará nos centavos e, portanto, a preocupação de representantes do setor acaba se concentrando mais no efeito psicológico dessa decisão do que nos reflexos para o bolso.
"O efeito psicológico negativo que os juros mais altos geram sobre as expectativas da população causará uma retração na demanda, prejudicando a tênue recuperação que o varejo iniciou neste ano", disse Abram Szajman, presidente da Fecomercio SP.
Pelas contas da Anefac, o crediário em uma loja no valor de R$ 800, antes da alta na Selic, equivalia a uma prestação mensal de R$ 95,47 em 12 vezes. Ao final de um ano, o valor atingiria R$ 1.145,54. Agora, com a elevação na taxa básica da economia, os mesmos R$ 800 custam ao bolso do comprador R$ 95,58. Isso equivale a um valor final a prazo de R$ 1.146,96.
Com a diferença de R$ 1,42 não é possível comprar uma passagem de ônibus sequer.


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