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FINANÇAS
Relatório do Fundo volta a elogiar o Brasil e diz que país está sendo "recompensado por suas boas políticas recentes"
FMI vê melhor momento global desde 2001
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O FMI (Fundo Monetário Internacional) pintou ontem um quadro extremamente favorável para
o sistema financeiro mundial. Segundo o Fundo, as finanças globais atravessam seu melhor momento desde o estouro da chamada "bolha financeira", em meados
de 2001.
O cenário também é positivo
para os mercados emergentes.
Nesse contexto, o Brasil, que novamente mereceu elogios do Fundo, estaria sendo "recompensado
por suas boas políticas recentes".
Em seu "Relatório sobre a Estabilidade Financeira Global
-2004", divulgado ontem, o Fundo faz poucas ressalvas para o risco de uma nova crise, mas alerta
de que as economias em recuperação não devem "baixar a guarda", mas persistir em políticas
macroeconômicas consistentes.
"Há coisas boas demais nesse
relatório. Muito positivas. A coragem para fazer uma declaração
como essa vem de vários resultados e tendências favoráveis", afirmou Gerd Haeusler, diretor do
Departamento de Mercado de
Capitais do FMI, em entrevista
coletiva.
Haeusler apontou como "um
dos mais positivos" o fato de o
apetite por risco entre investidores e instituições financeiras estar
hoje "balanceado entre o medo e
a ganância".
O maior risco imediato, segundo o FMI, seria justamente "o retorno a um quadro de apetite indiscriminado e estimulado pela
forte tendência entre os investidores de buscar ganhos maiores".
Entre outros riscos apontados
para o médio prazo estão os altos
preços do petróleo, a ameaça de
ataques terroristas e a continuidade de um elevado déficit fiscal nos
Estados Unidos.
O Fundo sustenta que a maior
parte dos problemas causados pela excessiva valorização de ativos
até 2001 -e sua posterior e rápida
desvalorização- está praticamente superada.
"Os balanços dos bancos e demais instituições financeiras foram reparados e fortalecidos. Todos estão agora bem capitalizados" a ponto de poderem agüentar, segundo Haeusler, "choques
consideráveis".
Haeusler disse que a recuperação econômica mundial constituiu a base para o ajuste financeiro. Com o setor corporativo não-financeiro retomando negócios e
o faturamento, os bancos puderam diminuir provisões contra a
inadimplência, fortalecendo ainda mais seus balanços.
O diretor do Fundo ressaltou,
no entanto, que a ressaca da crise
de 2001 deixou os investidores internacionais mais atentos, "discernindo entre os bons e os maus
países e empresas".
Nesse contexto, Haeusler afirmou que o Brasil "está se beneficiando" tanto do crescimento
econômico mundial quanto de
um fluxo de investimentos maiores para os países emergentes.
"Para os emergentes, as condições financeiras atuais formam
uma excelente janela de oportunidades que deveria ser usada para
perseverar em políticas e reformas que potencializem o crescimento e a resistência a novas crises", disse o diretor do FMI.
No caso do Brasil, o relatório
também destacou "o fortalecimento" do sistema bancário e o
fato de o governo ter reduzido de
30%, em 2002, para 15%, atualmente, as obrigações de sua dívida pública atreladas ao dólar.
A "melhora do crédito" dos países emergentes na percepção dos
investidores internacionais, segundo o FMI, tem contribuído
para novas emissões de bônus no
mercado com valores, prazos e
condições mais vantajosas.
Nos primeiros oito meses de
2004, segundo o relatório do FMI,
os países emergentes emitiram
um total de US$ 122 bilhões em
bônus, contra US$ 97 bilhões durante o ano passado.
Haeusler também deu amplo
destaque ao fato de a maioria dos
países desenvolvidos e emergentes terem se adaptado, "sem
maiores problemas", a um novo
ambiente de elevação da taxa de
juros internacionais, sobretudo
nos Estados Unidos.
Após quatro anos congelada em
1% ao ano, a taxa básica americana já subiu a 1,5% desde o final de
junho -e novos aumentos graduais são esperados.
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