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GUERRA FISCAL
ICMS tem de ser pago
DF decide barrar mais produtos de São Paulo
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No segundo dia de retaliação
econômica ao Estado de São Paulo, o governo do Distrito Federal
ampliou a lista de mercadorias
barradas em sua entrada por não
ter o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços)
recolhido antecipadamente.
Na segunda-feira, eram parados
no posto fiscal do DF apenas caminhões com produtos para informática. Ontem, foram incluídos carregamentos de carne (bovina, suína e aves), enlatados, leite
longa vida, condimentos e palha
de aço. Os veículos são liberados
para entrar em Brasília assim que
recolhem o imposto.
Até ontem, o tempo de espera
máximo dos caminhões foi de dez
horas. Na segunda-feira, o número de veículos que esperavam liberação chegou a 70.
O governo do DF adotou a medida em represália à decisão do
governo de São Paulo, tomada no
final de julho, de não aceitar benefícios fiscais concedidos por outros Estados.
Por meio de um comunicado, a
Secretaria da Fazenda paulista decidiu rejeitar o uso de créditos do
ICMS de Estados que concedem
incentivos fiscais não aprovados
pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz).
Além do DF, foram atingidos 11
Estados. Até agora, apenas o Distrito Federal decidiu retaliar na
mesma moeda. "Nós tentávamos
desde julho negociar um pacto de
sobrevivência, enquanto se discutia um novo modelo tributário",
disse o secretário da Fazenda do
Distrito Federal, Eduardo de Almeida Neto.
Para ele, a atitude de São Paulo
foi protecionista e desnecessária.
"O que o Distrito Federal oferece
de ameaça?", pergunta. Segundo
Almeida, os produtos vindos de
São Paulo chegam a representar
70% do que é consumido na capital federal.
O secretário reclamou ainda
que São Paulo também dá incentivos fiscais a itens produzidos
dentro de suas divisas. O Distrito
Federal tem um programa que financia até 70% do ICMS, o Pró-DF, e concede benefícios fiscais a
distribuidores e atacadistas.
Contra os dois tipos de benefício, correm no STF (Supremo Tribunal Federal) duas ações diretas
de inconstitucionalidade (Adin)
impetradas pelo governo de São
Paulo, que move ainda ações contra programas semelhantes em
outros Estados. Por isso, o Distrito Federal espera juntar forças
com outros Estados atingidos pela medida paulista.
Outra jogada que o governo do
Distrito Federal prepara na guerra fiscal é a de reduzir para 12% o
ICMS de produtos importados. O
projeto de lei já foi encaminhado
à Câmara Distrital. O objetivo é
que as mercadorias de outros países ajudem a diminuir o grau de
dependência do Distrito Federal
em relação a São Paulo.
O secretário da Fazenda descarta a possibilidade de desabastecimento, apesar de ela ser considerada por representantes da indústria local. As principais empresas
prejudicadas com a barreira são
os hipermercados.
O presidente da Federação das
Indústrias de Brasília, Antônio
Rocha, acredita em solução política. "A guerra prejudica o setor
produtivo e os consumidores."
Alerta paulista
Quando tomou a decisão, o secretário da Fazenda de São Paulo,
Eduardo Guardia, disse que estava "alertando e deixando muito
claro para os contribuintes paulistas que não aceitaremos esses
créditos tributários, objetos de incentivos fiscais, concedidos ilegalmente por outros Estados."
Segundo o secretário, a decisão
de não aceitar mais os créditos
tem o objetivo de neutralizar os
efeitos danosos para São Paulo
provocados pela guerra fiscal.
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