São Paulo, sábado, 16 de setembro de 2006

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Celular está em 24% das casas; fixo, só em 13%

DA SUCURSAL DO RIO

Pela primeira vez desde que o IBGE passou a pesquisar na Pnad a presença de celulares, o número de domicílios que utilizam apenas esses aparelhos superou aqueles onde havia somente telefone fixo.
Essa tendência já era prevista, pois o percentual de domicílios somente com celular, hoje em 23,6%, vem aumentando ano a ano desde 2001. Enquanto isso, a proporção de residências apenas com telefone fixo, hoje em 12,5%, apresentava tendência inversa.
O IBGE pesquisou também pela primeira vez o acesso dos brasileiros a celulares para uso pessoal e não apenas a presença desse aparelho nos domicílios. Em 2005, 36,7% dos brasileiros com mais de dez anos de idade usavam celular. Esse uso pessoal, porém, varia muito de acordo com a renda.
Em domicílios com renda média mensal per capita superior a cinco salários mínimos (R$ 1.750), o acesso a celular para uso pessoal é quase universalizado, já que 82,1% dos brasileiros com mais de dez anos de idade nessas famílias tinham seu próprio aparelho. No outro extremo (domicílios com menos de um quarto do salário mínimo per capita), esse percentual era só de 9,2%.
Esse dado pode indicar que, em muitas famílias mais pobres, há um único celular para ser dividido entre todos os moradores. Nas famílias mais ricas, além do telefone fixo, há praticamente um celular para cada morador.
Segundo o presidente executivo da Acel (Associação Nacional das Operadoras de Celulares), Ércio Zilli, a troca do fixo por celular é uma tendência mundial. "A comunicação de voz está migrando para a telefonia móvel. A aplicação fixa residencial vai acabar evoluindo para outro tipo de comunicação, como a banda larga."
Segundo ele, existem hoje no país 93 milhões de linhas habilitadas, o equivalente a uma linha para cada dois brasileiros. Desse total, 80% são telefones pré-pagos, os mais populares entre as pessoas de renda mais baixa.
Para o executivo, o custo é um dos fatores associados à troca de linhas fixas por móveis. "Mesmo depois que acaba o prazo do cartão pré-pago, a pessoa não perde a possibilidade de ser localizada, embora não consiga mais fazer chamadas", disse.
A esteticista Débora Canto, 39, é um exemplo dessa tendência. Até 2004, ela tinha um telefone fixo em casa. Desistiu do aparelho quando começou a se estressar com a empresa de telefonia fixa ao tentar negociar uma dívida. "Eles não ofereciam facilidade nenhuma. Também não faziam nenhuma promoção ou desconto especial para quem, como eu, usa muito o telefone para falar com outros Estados."
Ela diz que não se arrependeu de ter trocado o fixo da casa por três celulares pré-pagos usados hoje por ela e pelos dois filhos. "Aproveito todas as promoções da operadora. Meu filho usa o celular da mesma operadora e posso falar de graça com ele."


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