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Mudanças ferem a livre concorrência, dizem bancos
Para Febraban, limitar preço ou número de tarifas se contrapõe à livre iniciativa
Entidade afirma que
aumento de receita com
tarifas é natural, pois bancos
passaram a prestar mais
serviços com o fim da inflação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo enfrentará a oposição da Febraban (Federação
Brasileira dos Bancos), que tem
um dos lobbies mais poderosos
no Congresso, à proposta de limitar a quantidade de tarifas
cobradas pelos bancos.
"Como princípio, defendemos a livre iniciativa e a concorrência. Qualquer iniciativa,
de limitar preços ou o número
de tarifas, inibe a possibilidade
de concorrência. Isso nos parece um contra-senso", diz o diretor de Relações Institucionais
da Febraban, Mário Sérgio Vasconcelos, que reclama de a entidade não ter sido consultada
para discutir as propostas.
A idéia de padronizar o nome
das tarifas é apoiada pela entidade. Na semana passada, os
dez maiores bancos do país
anunciaram a criação de um site que permitirá a comparação
entre os valores das tarifas e
também se comprometeram
com a padronização.
Em documento intitulado
"Tarifas bancárias: uma luz para o debate", a Febraban rebate
as críticas sobre o aumento nas
receitas dos bancos com a prestação de serviços e também sobre o valor elevado das tarifas.
Para a entidade, com o fim da
inflação os bancos passaram a
prestar mais serviços a seus
clientes. Dessa forma, é natural
que as receitas se elevem. Segundo a Febraban, a principal
fonte de tarifas não são as contas de pessoas físicas, mas as
cobradas em cartões de crédito,
que correspondem a 23,5% da
receita total dos bancos.
Para defender os valores cobrados, os bancos lembram a
existência de pacotes com descontos e também que os clientes ganham reduções ao manter aplicações e saldo médio e
ao tomar empréstimos.
Dados do IBGE também foram compilados para mostrar
que as tarifas correspondem a
um percentual pequeno dos orçamentos familiares, especialmente se comparadas a energia
e telefonia. Segundo a Febraban, famílias com renda mensal
de R$ 4.000 a R$ 6.000 gastavam 1% de sua despesa total
com tarifas bancárias. Os dados
foram retirados da POF 2002-2003 (Pesquisa de Orçamentos
Familiares) do IBGE.
"Quando avaliadas sob uma
perspectiva mais cuidadosa, essas diferenças [nas tarifas cobradas entre os bancos] mostram, na realidade, um mercado caracterizado por intensa
competição entre as instituições financeiras", diz o documento da Febraban.
No documento entregue aos
parlamentares, a Fazenda prevê a discussão das medidas com
os bancos, mas a Comissão de
Defesa do Consumidor da Câmara decidiu que só convocará
as instituições financeiras depois que as medidas estiverem
decididas.
(LP)
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