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Fazenda quer limitar tarifas de bancos
Governo propõe aumentar número de serviços obrigatoriamente gratuitos e isentar de taxa a quitação antecipada de empréstimo
Febraban diz que medidas
ferem concorrência; para
secretário da Fazenda,
meta não é tabelar preço,
mas elevar transparência
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério da Fazenda
quer limitar o número de tarifas que os bancos podem cobrar
de seus correntistas, aumentar
o número de serviços obrigatoriamente gratuitos e padronizar nomes com o objetivo de facilitar a comparação.
Novas tarifas só poderão ser
cobradas depois de autorização
explícita do Banco Central, e
quem financiar a compra de
bens como eletrodomésticos e
quiser quitar o empréstimo antes da data não pagará taxa.
Essas propostas foram discutidas durante reunião com deputados da Comissão de Defesa
do Consumidor da Câmara dos
Deputados na semana passada
e fazem parte de documento
distribuído aos parlamentares
pelo secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa. Os bancos dizem que não foram consultados e as vêem como contrárias à livre concorrência.
"Nossa idéia é que algumas
medidas fiquem prontas neste
ano, mas serão feitas de forma
gradual, sem quebra de contratos. São propostas para elevar a
concorrência e a transparência,
e não para tabelar preços", disse Barbosa à Folha, quando
questionado sobre o documento entregue aos parlamentares.
Além de maior controle sobre o que os bancos cobram de
seus clientes, o governo quer
alterar as tarifas cobradas nos
financiamentos.
Hoje, as instituições cobram
74 tipos diferentes de tarifa das
pessoas físicas, segundo o levantamento do governo. O presidente da Comissão de Defesa
do Consumidor, Cezar Silvestri
(PPS-PR), defende que esse
número caia para 20. "Se conseguirmos reduzir o número de
tarifas e padronizá-las, já será
um grande avanço."
O Ministério da Fazenda, no
entanto, não se comprometeu.
O documento da Fazenda fala
em "manutenção e ampliação
de serviços básicos com cobrança vedada" e "limitação de
serviços para os quais podem
ser cobradas tarifas".
Pelas regras atuais, os bancos
são obrigados a fornecer gratuitamente o cartão magnético
para saque ou um talão de cheques com dez folhas por mês,
um extrato, além de substituir
o cartão no vencimento, entre
outros serviços.
Também estão autorizados a
criar novas tarifas e a reajustar
seus valores desde que avisem
com 30 dias de antecedência. O
aviso exigido pelo BC, no entanto, pode ser a fixação de um
cartaz na agência bancária.
Na concessão de crédito, os
bancos cobram a TAC (Tarifa
de Abertura de Crédito) na liberação do dinheiro, e, se o
cliente quiser quitar a dívida
antes do vencimento, está sujeito à TLA (Tarifa de Liquidação Antecipada de Crédito).
A proposta do governo é que
a TAC seja substituída por um
indicador que deixe claro o
custo total da operação. Isso
incluiria a taxa de juros, índices
de atualização, impostos, tarifas e despesas com registros e
cartórios.
Para a TLA, o governo propõe que o cliente tenha direito
de quitar o empréstimo sem
pagar nenhuma tarifa se o prazo para vencimento for inferior
a dois anos. A tarifa também
seria eliminada nos financiamentos pagos antecipadamente na compra de itens como geladeiras, DVDs e demais bens
de consumo duráveis.
Imóveis
A maior preocupação do governo é com os financiamentos
imobiliários de longo prazo.
Nesses casos, a sugestão é que o
cliente possa escolher entre um
financiamento com direito a
quitação antecipada, cuja taxa
de juros seria mais alta, e outro
sem essa opção.
A advogada Maria Elisa Novais, do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor),
avalia que as propostas elaboradas pelo governo ainda são tímidas diante do problema. As
reclamações contra bancos estão em segundo lugar no ranking dos Procons.
"Os bancos complicam para
lucrar. As medidas do governo
poderiam ser mais amplas, mas
podem caminhar no sentido de
aumentar a concorrência."
Segundo ela, os maiores problemas na cobrança de tarifas
são a falta de informação clara
dos bancos aos clientes e o valor muitas vezes elevado dos
serviços, especialmente aqueles que excedem os pacotes
contratados pelos correntistas.
No ano passado, os cinco
maiores bancos privados faturaram R$ 27,5 bilhões em tarifas -crescimento de 19% em
relação a 2005. O Itaú, com R$
9,097 bilhões, foi a instituição
que mais arrecadou. O maior
crescimento, de 23%, foi registrado pelo Santander, com receita de R$ 2,836 bilhões.
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