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Bancos brasileiros não foram afetados pela crise, diz Meirelles
MARINA GAZZONI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise norte-americana não
afetou os bancos brasileiros,
afirmou ontem o presidente do
Banco Central, Henrique Meirelles, em São Paulo. Segundo
ele, os bancos do país estão
imunes porque têm um "colchão confortável de liquidez" e
não estão diretamente expostos ao sistema de créditos "subprime" (alto risco). "Até o momento, o Banco Central não teve que fazer nenhuma gestão
extraordinária de liquidez nos
mercados," disse.
Meirelles ressaltou que o BC
está atento à crise. O órgão tem
monitorado os mercados e
mantém contato permanente
com bancos centrais de outros
países, diz. Apesar da queda de
7,59% da Bovespa ontem, Meirelles afirmou que o mercado
brasileiro funciona normalmente, mas com mais instabilidade em resposta à conjuntura
econômica internacional.
Segundo ele, a economia brasileira não está descolada da
crise americana, mas hoje o
país está mais preparado para
enfrentar problemas econômicos internacionais do que nos
últimos anos. "Está se provando que a política estratégica do
Brasil aumentou a sua resistência a choques externos", disse.
O presidente do BC citou o
aumento das reservas internacionais do país, a estabilização
da economia e o câmbio flutuante como ações que dão
mais condições ao Brasil para
enfrentar crises internacionais.
"Hoje o governo é credor líquido em moeda externa."
Sistemas diferentes
Para o professor Alexandre
Jorge Chaia, especialista em
risco do Ibmec-SP, os bancos
brasileiros têm baixa alavancagem e menor exposição ao risco
de crédito que os bancos internacionais. Segundo ele, o mercado brasileiro tem uma estrutura ainda pequena e primitiva
em relação aos americanos.
Já Luis Miguel Santacreu,
analista de bancos da Austin
Ratings, destaca que o sistema
bancário brasileiro saiu fortalecido das operações de socorro
aos bancos privados (Proer) e
públicos (Proes) patrocinadas
pelo BC nos anos 90.
À época, o BC usou recursos
públicos, em parte provenientes do depósito compulsório,
para sanear os bancos Nacional, Econômico, Bamerindus,
além da Caixa Econômica e do
Banco do Brasil. "Com certeza,
você não tem hoje uma posição
de carteira podre, como nos
anos 90. O BC saneou os bancos
que tinham créditos ruins e assumiu essas dívidas. O custo social foi menor do que permitir
uma contaminação do problema", disse.
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