|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DISPUTA NO VAREJO
Para barrar a construção, Câmara de Vereadores aprova lei que limita o tamanho de hipermercado
Vitória protesta contra novo Wal-Mart
TIAGO ORNAGHI
DA AGÊNCIA FOLHA
A Câmara de Vereadores de Vitória, no Espírito Santo, está em
guerra contra a instalação de uma
loja do maior varejista do mundo,
o Wal-Mart, na cidade.
O grupo norte-americano adquiriu um terreno em Vitória para a instalação de um hipermercado com área de vendas de 6.500
m2. Para barrar a construção, o
Legislativo da capital capixaba
aprovou uma lei anteontem que
limita os supermercados a terem
área de 3.500 m2.
O vereador Osvaldo Mello
(PTB), que propôs a criação da lei,
declarou que uma loja maior criaria uma "concorrência desleal e
um massacre aos micro e pequenos negócios".
Na avaliação do Sindicato dos
Trabalhadores no Comércio de
Vitória, a cada 450 empregos diretos gerados pelo Wal-Mart no local em que se instala, ele provoca
também 1.500 desempregos com
o fechamento de pequenas lojas
que não conseguem concorrer
com seus preços.
O tiro, porém, saiu pela culatra,
já que a redação da lei só invalida
empreendimentos que ainda não
estejam em andamento.
O Wal-Mart começou as obras
do novo hipermercado na última
sexta-feira. Para inverter a situação, a Câmara pretende votar, na
próxima semana, um decreto legislativo que paralisa a autorização para a construção dada pela
Prefeitura de Vitória.
Os vereadores dizem que a suspensão vai dar tempo para uma
análise mais apurada do RIU (Relatório de Impacto Urbano).
O presidente da Câmara, vereador Ademar Rocha (PMDB), disse que -mesmo que o RIU e o
projeto arquitetônico do Wal-Mart tenham sido aprovados pelo
Conselho Municipal do Plano Diretor Urbano- os vereadores da
cidade acreditam que eles tenham
sido aprovados "rápidos demais"
pela prefeitura.
"Queremos analisar melhor o
projeto do Wal-Mart, discuti-lo
amplamente, fazer audiências públicas e chamar a própria prefeitura para estudar os impactos do
supermercado. Os vereadores
acham que a aprovação foi rápida
demais, pois durou apenas 60
dias", afirmou Rocha.
O secretário municipal de Desenvolvimento da Cidade, Wil-liam Galvão, afirmou que a tramitação do projeto foi legal e não durou 60 dias, como foi dito pelo vereador Rocha.
"O pedido de análise começou
em maio e foi tudo legal. Vitória
tem uma economia aberta, e o
empreendimento será importante para a cidade", disse.
O vice-presidente do Wal-Mart
Brasil, Aprigio Rello Jr., afirmou
que a empresa "vai abrir um hipermercado [em Vitória]".
"Aprovamos o projeto em todos os órgãos competentes. Entendo claramente a lei do ponto
de vista jurídico. Eu respeito a
criação da legislação, mas não vejo como ela pode afetar o Wal-Mart, que já tem um projeto em
andamento", disse Rello Jr.
Sobre a intenção dos vereadores
de imporem um prazo maior para
a apreciação do Relatório de Impacto Urbano do projeto, o vice-presidente do Wal-Mart disse que
não poderia fazer comentários
por ainda não ter conhecimento
sobre o assunto.
"O projeto se mantém o mesmo. Não vamos alterar nada do
que já foi acertado e aprovado pela prefeitura", completou.
Rello Jr. afirmou que a área do
Wal-Mart projetado para Vitória
é menor do que a de concorrentes
que já estão operando na cidade.
"A Câmara deve ter a sensibilidade para saber o que contribui com
o desenvolvimento da cidade."
Texto Anterior: Saiba mais: Governo Lula reduz ambição de criar tecnologia Próximo Texto: Frase Índice
|