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Nobel de Economia vai para 3 americanos
Professores desenvolveram estudo científico para a criação de regras sobre situações em que há conflito de interesses econômicos
Conhecimento é usado para melhorar os resultados em negociações como leilões de privatização e programas de remuneração de executivos
DA REPORTAGEM LOCAL
DO "FINANCIAL TIMES"
Três economistas americanos levaram ontem o Prêmio
Nobel de Economia por desenvolver as bases da teoria sobre
como criar regras de negociações entre empresas, governos
e indivíduos de forma a obter o
melhor resultado possível para
o maior número de pessoas, independentemente dos interesses particulares de cada participante. Os ganhadores compartilharão um prêmio de 10 milhões de coroas suecas (cerca
de US$ 1,57 milhão).
Mais velho cientista a receber um Nobel, o professor Leonard Hurwicz, 90, da Universidade de Minnesota, desenvolveu a chamada teoria do desenho de mecanismos, que estuda essas regras de otimização
de negociações, no começo dos
anos 60. Nascido na Rússia,
mas naturalizado americano,
Hurwicz foi mais tarde seguido,
em trabalhos separados, pelos
professores Eric Maskin, 57, de
Princeton, e Roger Myerson,
56, da Universidade de Chicago, também premiados.
O estudo do desenho de mecanismos permitiu a criação de
regras de negociação envolvendo interesses econômicos divergentes, como em leilões de
privatização, programas de remuneração de executivos ou na
incidência de impostos.
No caso de um leilão de privatização, o objetivo pode ser
levantar o maior valor possível
por um ativo, criar competição,
estimular o investimento ou diminuir o custo para o usuário
de um determinado serviço, como aconteceu na semana passada com o leilão de concessão
de rodovias no Brasil.
Já para as empresas, o programa de bônus alinharia o interesse do acionista de obter o
maior rendimento do capital
investido com o dos executivos,
fazendo com que o corpo dirigente trabalhe acima de tudo
para receber a maior participação no lucro no final do ano, em
detrimento de eventuais outros interesses, como a manutenção do próprio emprego e a
qualidade de vida, entre outros.
A teoria parte do princípio de
que os interesses dos agentes
participantes de uma negociação são diversos e é impossível
saber com precisão qual o grau
de disposição, envolvimento e
necessidades particulares de
cada um. Mesmo assim, é possível criar regras que levem a
atingir o mais próximo possível
o dado objetivo. A criação dessas regras é matéria de estudo
do tal desenho de mecanismos.
Um dos problemas básicos
da economia é que os mercados
são eficientes, mas funcionam
melhor apenas sob algumas suposições bastante extremas.
Caso as informações detidas
pelos compradores e vendedores sejam privadas -por exemplo, o limite do que uma pessoa
estaria disposta a pagar por alguma coisa-, o comércio pode
entrar em colapso.
Um exemplo da espécie de
problema que a teoria é capaz
de avaliar ocorre regularmente
quando compradores e vendedores mentem sobre seus motivos ou suas situações econômicas. Uma empresa pode alegar que só está disposta a prestar
um determinado serviço por
US$ 200, quando na verdade
obteria lucro ao fornecê-lo por
US$ 150. Outra poderia alegar
que está disposta a comprar no
máximo por US$ 100, quando
na verdade iria até os US$ 170.
Nesse exemplo, o comércio é
certamente possível na faixa de
preços entre os US$ 150 e os
US$ 170, mas talvez não venha
a acontecer porque tanto o
comprador quanto o vendedor
têm incentivos para ocultar
suas verdadeiras posições.
Um dos usos futuros da teoria será no ramo da política ambiental, em que os mecanismos
de regulamentação serão essenciais para a prevenção do
aquecimento global.
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