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Venda trimestral cai nos EUA após 16 anos
Resultados fracos da economia levam Bolsa de NY ao pior pregão desde o crash de 1987; ações perderam cerca de US$ 1,1 tri só ontem
Relatório do Fed aponta corte de investimento de empresas; preocupação atual é com o aumento da taxa de desemprego
Timothy A. Clary/France Presse
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O presidente do Fed, Ben Bernanke (à esquerda), e Jan Hopkins, presidente do Clube Econômico de Nova York, antes de palestra
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
Os EUA encerraram em setembro um ciclo de mais de 16
anos de trimestres consecutivos de vendas em elevação. A
notícia voltou a derreter o mercado de ações, e a Bolsa de Nova
York registrou o seu pior pregão desde o crash de 1987.
No total, os investidores norte-americanos viram evaporar
cerca de US$ 1,1 trilhão de suas
ações ontem, o equivalente a
quase a totalidade do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil.
No mercado financeiro, a hipótese de que os EUA entrarão
em uma forte recessão já se
converteu em certeza. Há enorme dúvida também sobre a eficácia do pacote do Tesouro
norte-americano de injeção direta de capital nos bancos.
O Departamento de Comércio divulgou ontem que as vendas comerciais caíram 1,2% no
mês passado, quase o dobro do
esperado. Foi o terceiro mês
consecutivo de queda, algo inédito desde 1992, quando o índice começou a ser medido.
A reação do mercado a esse
novo marco da crise foi péssima. A Bolsa de Nova York impôs novamente severas perdas
aos investidores, praticamente
anulando os ganhos da segunda, quando houve euforia com o
pacote de socorro aos bancos.
Sofreram mais impacto justamente as ações de empresas
diretamente ligadas ao consumo. Os papéis dos bancos e das
companhias do setor de commodities também retrocederam fortemente.
O índice Dow Jones da Bolsa
de Nova York despencou
7,87%. O S&P 500 caiu 9,03%, e
a Bolsa eletrônica Nasdaq fechou em queda de 8,47%. Nos
últimos 12 meses, o Dow Jones
já recuou 38,66%.
No pregão de ontem da Bolsa
de Valores de Nova York, enquanto nove ações caíam, apenas uma subia. A proporção na
Nasdaq foi de 8 para 1.
Resultados ruins
Algumas das principais cadeias de lojas dos EUA, como a
Target, anunciaram, na semana
passada, queda no faturamento
em setembro. As vendas do
Wal-Mart cresceram, mas abaixo do esperado. As ações das
empresas do setor caíram fortemente ontem.
A rede de pizzaria Domino's
anunciou anteontem queda de
vendas nas lojas americanas de
6,1% no terceiro trimestre em
relação ao mesmo período do
ano passado. O resultado foi
parcialmente compensado por
um faturamento maior fora dos
EUA, que se expandiu em 5,4%.
A tendência de redução
acontece às vésperas dos últimos meses do ano, quando o
comércio consegue a maior
parcela de suas receitas anuais.
No setor de commodities, as
ações das petrolíferas ExxonMobil e Chevron caíram 10,4%
e 9,2%, respectivamente. Na semana passada, o preço do galão
(3,8 litros) de gasolina vendida
nos postos nos EUA recuou
US$ 0,33 -para US$ 3,15. Foi a
maior queda semanal desde
que o governo começou a
acompanhar esses preços.
Relatório do Fed (o BC dos
EUA) conhecido como "Livro
Bege" também revelou que as
companhias cortaram o volume de investimentos produtivos em todo o país em setembro e que empresas e consumidores continuam encontrando
dificuldades para tomar crédito. Os dados do Fed também reforçaram as notícias de queda
no consumo das famílias.
Emprego e renda
A preocupação agora é com o
aumento do desemprego e a redução no rendimento das famílias. Mais de 760 mil vagas foram eliminadas neste ano, e a
taxa de desemprego tende a subir acima dos 6,1% atuais.
Nos últimos ciclos de recessão nos EUA, o rendimento
médio das famílias caiu entre
3% e 7%, e normalmente foram
necessários três anos para uma
recuperação. No ano passado, o
rendimento médio das famílias
norte-americanas foi de US$
50,2 mil, já abaixo da média de
2000 (US$ 50,6 mil).
No Estado de Nova York, outro indicador mostrou que a
produção industrial caiu para o
nível mais baixo desde 2001.
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