São Paulo, sexta-feira, 16 de outubro de 2009

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Mudança no BC deve começar após Copom

Reunião da próxima semana para decidir juros deve ser a última com a presença de Mário Tóros, diretor de Política Monetária

Outros dois diretores já sinalizaram que devem deixar Banco Central; Henrique Meirelles também pode sair e disputar eleições

LEANDRA PERES
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Mário Torós, deve deixar a diretoria da instituição ainda neste ano. Ele participará da reunião do Copom, comitê de diretores que fixa a taxa de juros, na semana que vem e sua saída poderá ser oficializada algumas semanas depois, ainda antes da última reunião deste ano, no começo de dezembro.
A Folha apurou que o substituto será preferencialmente alguém de fora do BC, mas não necessariamente do mercado financeiro. A substituição de Torós por um funcionário de carreira não está descartada.
A saída de Torós deverá ser a primeira alteração na cúpula do BC até março, quando o presidente do banco, Henrique Meirelles, decidirá se concorre a um cargo nas eleições de 2010. Meirelles se filiou ao PMDB no começo do mês.
Torós não é o único diretor que já manifestou a intenção de sair. Mário Mesquita (Política Econômica) e Gustavo Matos do Vale (Liquidações e Controle de Operações do Crédito Rural) também já sinalizaram que querem deixar o BC.
No entanto, no caso de Mesquita, apesar de ter sido um dos primeiros a pedirem para sair na virada deste ano, sua substituição é considerada mais difícil de ser feita porque ele ocupa um cargo estratégico, como um dos principais formuladores da política monetária.
Já Matos do Vale é funcionário de carreira e pode ser um apoio importante para o novo presidente do BC. Até costurar a sua sucessão, Meirelles tenta manter Mesquita e Matos do Vale na diretoria.
Meirelles também trabalha para fazer o atual diretor de Normas, Alexandre Tombini, o presidente do banco até o final do governo Lula. Respeitado pelo mercado financeiro, Tombini é visto como um nome técnico e que não deixará a inflação fugir de controle em ano de eleição presidencial.
Ele também agrada à ala desenvolvimentista do governo, pois é considerado uma pessoa com mais jogo de cintura e menos ortodoxa na condução da política monetária em relação aos outros colegas da diretoria, como Mesquita e Torós.
Com Tombini à frente, novas trocas na diretoria seriam feitas gradativamente, para que não sejam vistas como uma alteração na política monetária. No BC há até quem defenda que não haja novas mudanças.
Nesse caso, Mesquita poderia continuar no cargo, apesar do desejo pessoal de sair. A avaliação feita internamente é que o governo precisará de uma pessoa com interlocução e respaldo do setor financeiro caso haja desconfianças ao longo do processo eleitoral.
O principal problema nesse cenário é que Mesquita enfrenta resistências a seu nome dentro do governo. Ele é visto como excessivamente conservador, contrário à queda nos juros e entrou em rota de colisão direta com o ministro Guido Mantega (Fazenda) ao criticar indiretamente o aumento nos gastos públicos.


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