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Mudança no BC deve começar após Copom
Reunião da próxima semana para decidir juros deve ser a última com a presença de Mário Tóros, diretor de Política Monetária
Outros dois diretores já
sinalizaram que devem
deixar Banco Central;
Henrique Meirelles também pode sair e disputar eleições
LEANDRA PERES
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Mário
Torós, deve deixar a diretoria
da instituição ainda neste ano.
Ele participará da reunião do
Copom, comitê de diretores
que fixa a taxa de juros, na semana que vem e sua saída poderá ser oficializada algumas
semanas depois, ainda antes da
última reunião deste ano, no
começo de dezembro.
A Folha apurou que o substituto será preferencialmente alguém de fora do BC, mas não
necessariamente do mercado
financeiro. A substituição de
Torós por um funcionário de
carreira não está descartada.
A saída de Torós deverá ser a
primeira alteração na cúpula
do BC até março, quando o presidente do banco, Henrique
Meirelles, decidirá se concorre
a um cargo nas eleições de
2010. Meirelles se filiou ao
PMDB no começo do mês.
Torós não é o único diretor
que já manifestou a intenção
de sair. Mário Mesquita (Política Econômica) e Gustavo Matos do Vale (Liquidações e Controle de Operações do Crédito
Rural) também já sinalizaram
que querem deixar o BC.
No entanto, no caso de Mesquita, apesar de ter sido um dos
primeiros a pedirem para sair
na virada deste ano, sua substituição é considerada mais difícil de ser feita porque ele ocupa
um cargo estratégico, como um
dos principais formuladores da
política monetária.
Já Matos do Vale é funcionário de carreira e pode ser um
apoio importante para o novo
presidente do BC. Até costurar
a sua sucessão, Meirelles tenta
manter Mesquita e Matos do
Vale na diretoria.
Meirelles também trabalha
para fazer o atual diretor de
Normas, Alexandre Tombini, o
presidente do banco até o final
do governo Lula. Respeitado
pelo mercado financeiro, Tombini é visto como um nome técnico e que não deixará a inflação fugir de controle em ano de
eleição presidencial.
Ele também agrada à ala desenvolvimentista do governo,
pois é considerado uma pessoa
com mais jogo de cintura e menos ortodoxa na condução da
política monetária em relação
aos outros colegas da diretoria,
como Mesquita e Torós.
Com Tombini à frente, novas
trocas na diretoria seriam feitas gradativamente, para que
não sejam vistas como uma alteração na política monetária.
No BC há até quem defenda
que não haja novas mudanças.
Nesse caso, Mesquita poderia continuar no cargo, apesar
do desejo pessoal de sair. A avaliação feita internamente é que
o governo precisará de uma
pessoa com interlocução e respaldo do setor financeiro caso
haja desconfianças ao longo do
processo eleitoral.
O principal problema nesse
cenário é que Mesquita enfrenta resistências a seu nome dentro do governo. Ele é visto como excessivamente conservador, contrário à queda nos juros e entrou em rota de colisão
direta com o ministro Guido
Mantega (Fazenda) ao criticar
indiretamente o aumento nos
gastos públicos.
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