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Governo quer retomar a construção de Angra 3
Pequenas centrais nucleares também podem ser incluídas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo está discutindo incluir entre as obras de infra-estrutura que terão prioridade no
segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a retomada da construção da usina
nuclear de Angra 3, além de outras pequenas centrais nucleares, espalhadas principalmente
pela região Nordeste.
A discussão foi retomada
porque o governo considera
que, com o aumento do preço
do petróleo para cerca de US$
60 o barril no mercado internacional, a energia nuclear, muito
mais cara que a hidrelétrica,
pode se tornar viável no país.
Além disso, há uma avaliação
de que os problemas ambientais podem ser relativamente
menores, já que não há necessidade de derrubada de florestas
ou desapropriações de terras
indígenas, como no caso das
usinas hidrelétricas.
A construção de Angra 3 será
o primeiro passo nessa direção.
Os planos para iniciar as obras
da usina estavam engavetados
com base num estudo feito pelo
Ministério de Minas e Energia
em 2005. No documento, os
técnicos do governo argumentavam que a energia produzida
seria muito cara e recomendavam que a obra fosse adiada para 2010 ou 2012.
Com a mudança nos preços
internacionais do petróleo, o
governo acredita ser viável antecipar o início da construção.
Os equipamentos para o funcionamento de Angra 3 já foram todos adquiridos. Entre a
compra desse material e a sua
manutenção, já foram consumidos US$ 800 milhões. Falta
ainda investimento de US$ 1,8
bilhão para que a usina entre
em funcionamento.
As usinas de menor porte no
Nordeste serviriam também
para dar sustentação a uma indústria nuclear no país, com
demanda suficiente, por exemplo, para que o processamento
do combustível dessas unidades (urânio) fosse feito inteiramente no Brasil.
Se o programa de ampliação
das usinas nucleares for incluído no pacote de infra-estrutura
que está sendo preparado, a
participação desse tipo de
energia no Brasil subirá dos
atuais 2% para cerca de 6%.
O governo, apesar de estudar
a construção de novas usinas,
não pretende que essa seja a
sua prioridade no setor energético. De acordo com os técnicos
que participam das discussões,
é essencial que as usinas de Belo Monte, no rio Xingu, e de
Santo Antônio e Jirau, no rio
Madeira, saiam do papel. Juntas, elas vão adicionar 12 mil
MW de energia ao sistema brasileiro. O cronograma com que
o governo trabalha prevê a licitação das duas hidrelétricas no
primeiro semestre de 2007.
O pacote de infra-estrutura
que está em elaboração também prevê obras em portos,
ferrovias e rodovias, além do
setor elétrico.
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