São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 2006

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Lojas e indústria fecham acordo no preço das TVs

Após queda-de-braço, nova tabela, com reajuste de 3% a 5% no valor dos televisores, passará a valer só no início de 2007

Setor tem pronta a estratégia de usar aviões para trazer componentes da Ásia caso a demanda cresça no final do ano

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Houve acordo entre lojistas e fabricantes e uma nova tabela de preços, com reajustes de 3% a 5% no valor dos televisores, passará a valer só no início de 2007. Além da chegada das novas linhas de TVs de plasma e de cristal líquido (LCD) com alta definição -que já devem encarecer o produto-, os aumentos em geral (para diversos modelos e tamanhos) ocorrerão por solicitação da indústria, como reflexo da elevação do preço de insumos no exterior e da alta no frete.
Em outubro, a Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos) informou que as empresas do setor pleiteavam reajustes após quedas seguidas nos preços e que, provavelmente, a nova tabela entraria em vigor neste mês, segundo fabricantes informaram à Folha.
As lojas afirmavam, no entanto, que o estoque de TVs estava elevado e que era preciso desovar uma parte disso antes de aceitar novas tabelas. O estoque cresceu por conta da abrupta redução de demanda após o final da Copa do Mundo.
O comércio insistia que as indústrias tiveram forte ganho de escala nos últimos anos com a expansão da tecnologia de plasma e de LCD, assim como com a maior demanda pelos modelos tradicionais, e isso reduz o custo de produção.
O que acontece agora é que o estoque já foi normalizado e, por conta disso, havia uma expectativa de que o reajuste "passasse". Além disso, como a indústria se armou de dados nas negociações para comprovar que precisava do aumento -e "abriu" informações de custos-, as conversas entre as partes caminharam no sentido de que o reajuste seria liberado mesmo.

Natal
"[O aumento] fica provavelmente para 2007 porque já fechamos as entregas de Natal e não há espaço para reajuste agora", conta José Fuentes, vice-presidente da divisão de eletroeletrônicos da Philips para o Brasil. "Não há aumento para agora", confirmou nesta semana Eugenio Staub Filho, vice-presidente da Gradiente.
De janeiro a setembro, houve uma queda de 15,26% no preço do televisor, diz a Fipe. Nos últimos meses, essa retração já havia perdido a velocidade.
Tanto que, até agosto, a deflação no produto era maior: passava de 19%. Na avaliação do setor, o que há é uma redução de descontos por parte do varejo, e devido a essa medida, tomada por algumas grandes cadeias de loja para determinadas linhas, os índices de inflação mostram taxas de deflação menores.

Avião
Segundo a Folha apurou, empresas de eletroeletrônicos têm pronta a estratégia de usar aviões para trazer componentes eletrônicos da Ásia caso a demanda no final do ano cresça de maneira muito acelerada.
Essa medida é tomada quando não há tempo hábil de esperar a chegada de insumos por navio. Por meio desse transporte, demora de dois a três meses para a matéria-prima aportar no país.
Por avião, é mais caro, porém não há dificuldade de acionar empresas de charter, por exemplo, para auxiliar no transporte.
Essa preocupação existe porque o setor não quer perder venda, caso a procura de final de ano cresça muito. A previsão da Eletros é que o mercado de TVs atinja entre 10 milhões e 11 milhões de unidades vendidas neste ano. Até setembro, foram 8,9 milhões, segundo a Gradiente -um recorde histórico.


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