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PF prende médico do INSS acusado de mandar matar colega
Para a polícia, perito teria sido o "mentor intelectual" do assassinato para evitar apuração de fraude em cidade de MG
Outros quatro suspeitos
do crime estão presos;
advogado do médico
diz que seu cliente
alega ser inocente
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
A Polícia Federal em Governador Valadares (MG) prendeu
ontem o médico perito do INSS
Nilson Souza Brige, 62, acusado
de ser o "mentor intelectual"
do assassinato da médica perita
Maria Cristina Souza Felipe da
Silva, ocorrido em 13 de setembro. Outros quatro suspeitos
estão presos desde o início de
outubro.
O delegado da PF Rodrigo
Fernandes disse que o médico,
que já chefiou o setor de perícia
na cidade e que tem mais de 30
anos de trabalho no INSS, participava de esquema de fraudes
à Previdência que vinha sendo
investigado dentro do órgão.
Quem estava à frente dessas
investigações era Silva, chefe da
Gerência de Benefícios do INSS
em Valadares. Delegada da Associação Nacional dos Médicos
Peritos da Previdência Social,
ela foi morta com três tiros ao
sair de casa para o trabalho. Casada, deixou quatro filhos.
Segundo o delegado, desde o
início das investigações da PF e
da Polícia Civil, era considerada a hipótese de envolvimento
de pessoas do INSS. Reforçou
essa tese a prisão do despachante José Alves de Souza, 58,
o Zuza.
Apontado como mandante
do crime, pelo qual teria pago
R$ 3.000 aos outros três presos, Zuza disse à polícia que
mandou matar Silva porque ela
dificultava a concessão de aposentadorias, pelas quais ele recebia comissões. As investigações descobriram que o despachante era também motorista
do médico perito suspeito.
Zuza, no entanto, nunca citou o envolvimento de Brige.
Para o delegado Rui Antônio da
Silva, isso ocorreu porque o
acusado acreditava que em
pouco tempo deixaria a prisão.
"Ele não delatou o médico por
conveniência, acreditava na
impunidade, que logo iria para
a rua. Por isso achou por bem
não delatar."
Segundo Fernandes, os depoimentos do despachante
sempre remetiam os fatos para
perto de Brige. "Foram muitas
as vezes em que a sua história
conduzia os fatos para próximo
do mandante. Continuamos
com a linha de investigação."
No dia da prisão de Zuza, a
procuradora do Ministério Público Federal Miriam Lima disse ter oferecido a delação premiada a ele -o que poderia reduzir a pena para até um terço- para que revelasse o mandante. Ele não aceitou.
Segundo a procuradora, Zuza, um "simples despachante",
não teria como prosseguir com
as fraudes ou benefícios fraudulentos sem a ajuda de alguém
de dentro do INSS. "Já temos
muitas notícias de fraudes dentro do órgão envolvendo a perícia, e essa foi a motivação do
crime. A médica estava atrapalhando, emperrando esses recebimentos fraudulentos."
Ao ser preso, Brige negou
participação no crime. Mas
Fernandes disse que os depoimentos foram contraditórios.
"Ele entrou em várias contradições", disse o delegado, acrescentando que a PF tem provas
do envolvimento dele.
Na delegacia, o advogado Arthur Gonzaga disse só que ia se
informar sobre o inquérito,
mas que seu cliente alegou ser
inocente. A ordem de prisão do
médico é por 30 dias, mas a PF
vai pedir a prisão preventiva.
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