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Economista diz que críticas podem ter sido causa de saída
Gervásio Rezende contesta a existência de trabalho escravo no meio rural
"Tenho feito críticas às políticas de crédito, fundiária e trabalhista. Isso,
talvez, esteja incomodando muita gente", afirma
DA SUCURSAL DO RIO
O economista Gervásio Rezende disse que suas críticas às
políticas para a área rural podem ter motivado a nova direção do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) a
afastá-lo.
"Sou um técnico independente. Tenho feito críticas contundentes às políticas de crédito, fundiária e trabalhista. Isso,
talvez, esteja incomodando
muita gente. Talvez não queiram um técnico com esse perfil", afirmou.
Rezende contesta a existência de trabalho escravo no meio
rural, contrariando o entendimento do governo. O combate
ao trabalho escravo é um dos
pilares da atuação do Ministério do Trabalho e Emprego desde o governo Fernando Henrique Cardoso, e 192 empresários
e empresas (a maioria do setor
agrícola) autuados estão sem
acesso a crédito oficial, impedidos de vender para a Petrobras.
Procurado ontem pela reportagem, Fabio Giambiagi não
quis comentar publicamente o
caso, sob a alegação de que quer
sair de forma elegante. Regis
Bonelli e Otávio Tourinho não
foram localizados.
Os quatro pesquisadores são
críticos do excesso de gastos do
governo, o que contraria o pensamento do novo presidente do
Ipea, Marcio Pochmann, que se
define desenvolvimentista.
Ao assumir a presidência do
Ipea, no dia 14 de agosto último, Pochmann defendeu o aumento do contingente de servidores públicos e disse que o Estado brasileiro é "raquítico".
Rezende e Bonelli são aposentados e continuavam prestando serviços ao Ipea como
colaboradores, sem contrato
formal. Rezende tem bolsa de
pesquisa paga pelo CNPq e deve continuar o trabalho de pesquisa agrícola na UFF (Universidade Federal Fluminense), da
qual é professor.
A direção do Ipea pediu a Rezende e a Bonelli que esvaziassem as salas que ocupam porque os convênios que os mantinham lá teriam sido considerados irregulares pela procuradoria do órgão. Como não existe contrato formal, a alegação
foi recebida como uma desculpa para o afastamento.
Bonelli foi diretor de pesquisa do Ipea, diretor-executivo
do BNDES e diretor-geral do
IBGE. Rezende foi funcionário
de carreira do Ipea e diretor da
Conab (Companhia Nacional
de Abastecimento), no governo
Fernando Henrique Cardoso.
O presidente do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social),
Luciano Coutinho, e a assessoria de imprensa do banco não
foram localizados ontem, nem
Roberto Mangabeira Unger, do
Núcleo de Assuntos Estratégicos, a quem o Ipea é vinculado.
(ELVIRA LOBATO)
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