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Inflação reduz possibilidade de novo corte de juros nos EUA
Taxa de outubro fica estável em 0,3%, mas analistas se preocupam com aumento de tarifas de energia; Fed injeta US$ 47 bi nos bancos, maior valor desde 2001
DENYSE GODOY
DE NOVA YORK
Os números sobre a inflação
ao consumidor nos EUA em
outubro, divulgados ontem, fizeram a hipótese de outro corte
da taxa básica de juros americana neste ano parecer mais improvável. O CPI (Índice de Preços ao Consumidor, na sigla em
inglês) ficou em 0,3%, com núcleo de 0,2% -igual a setembro
e dentro das expectativas.
A preocupação é o salto dos
preços de energia, que subiram
1,4% em outubro, contra alta de
0,3% no mês anterior. Na avaliação dos analistas, haverá
mais aumentos: o barril de petróleo se encontra firme acima
dos US$ 90 e o hemisfério norte está entrando no inverno,
com maior demanda de combustível para aquecimento.
O Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) deixou claro, nas últimas comunicações,
que acompanha de perto as
pressões inflacionárias. "Mais
do que o perigo de elevação dos
preços, no entanto, os sinais de
que crise imobiliária não está
contaminando outros setores
da economia devem convencer
a autoridade monetária a não
mexer nos juros novamente,
pelo menos por enquanto", diz
Dana Johnson, economista-chefe do Comerica Bank.
O Departamento do Trabalho informou ontem que o número de pedidos de seguro-desemprego subiu 20 mil na semana passada, para 339 mil. A
média móvel de quatro semanas, no entanto, permaneceu
em 330 mil. O ganho semanal
do trabalhador caiu 0,2%.
Ontem, o Fed injetou US$
47,25 bilhões no sistema bancário, maior montante colocado desde setembro de 2001.
O Barclays Capital avisou
que os seus prejuízos com a
inadimplência dos mutuários
de hipotecas de alto risco cresceram em US$ 2,7 bilhões e, segundo o "The Wall Street Journal", as perdas do UBS podem
bater em US$ 7,1 bilhões. "As
incertezas [sobre o tamanho do
rombo] vão prosseguir. Não
acho que os bancos estejam escondendo alguma coisa a respeito, é que é difícil mesmo
mensurar o problema. Conforme eles aparecem, são divulgados, então é provável que ainda
enfrentemos alguma turbulência nos próximos meses", afirma Oscar Gonzalez, economista da administradora de seguros e investimentos John Hancock Financial Services.
Com os investidores cautelosos diante desses dados, o mercado financeiro americano teve
um dia ruim. A Bolsa de Nova
York recuou 0,91% e a Nasdaq
(que negocia ações de empresas de tecnologia) caiu 0,98%.
Devido ao feriado da Proclamação da República, não houve
expediente na Bovespa.
Nos EUA, as atenções ficarão
concentradas, daqui para a
frente, no comportamento dos
consumidores, cujos gastos
respondem por dois terços do
PIB (Produto Interno Bruto).
Após as comemorações de Ação
de Graças, no dia 22, começa a
temporada de compras -daí
surgirão pistas consistentes a
respeito da possibilidade e do
tamanho de uma desaceleração
da maior economia do planeta.
Na opinião de Gonzalez, o
Fed tende a esperar a situação
acomodar um pouco, deixando
passar o pior do nervosismo,
para retomar os cortes de juros
no início de 2008.
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