São Paulo, sexta-feira, 16 de novembro de 2007

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Inflação reduz possibilidade de novo corte de juros nos EUA

Taxa de outubro fica estável em 0,3%, mas analistas se preocupam com aumento de tarifas de energia; Fed injeta US$ 47 bi nos bancos, maior valor desde 2001

DENYSE GODOY
DE NOVA YORK

Os números sobre a inflação ao consumidor nos EUA em outubro, divulgados ontem, fizeram a hipótese de outro corte da taxa básica de juros americana neste ano parecer mais improvável. O CPI (Índice de Preços ao Consumidor, na sigla em inglês) ficou em 0,3%, com núcleo de 0,2% -igual a setembro e dentro das expectativas.
A preocupação é o salto dos preços de energia, que subiram 1,4% em outubro, contra alta de 0,3% no mês anterior. Na avaliação dos analistas, haverá mais aumentos: o barril de petróleo se encontra firme acima dos US$ 90 e o hemisfério norte está entrando no inverno, com maior demanda de combustível para aquecimento.
O Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) deixou claro, nas últimas comunicações, que acompanha de perto as pressões inflacionárias. "Mais do que o perigo de elevação dos preços, no entanto, os sinais de que crise imobiliária não está contaminando outros setores da economia devem convencer a autoridade monetária a não mexer nos juros novamente, pelo menos por enquanto", diz Dana Johnson, economista-chefe do Comerica Bank.
O Departamento do Trabalho informou ontem que o número de pedidos de seguro-desemprego subiu 20 mil na semana passada, para 339 mil. A média móvel de quatro semanas, no entanto, permaneceu em 330 mil. O ganho semanal do trabalhador caiu 0,2%.
Ontem, o Fed injetou US$ 47,25 bilhões no sistema bancário, maior montante colocado desde setembro de 2001.
O Barclays Capital avisou que os seus prejuízos com a inadimplência dos mutuários de hipotecas de alto risco cresceram em US$ 2,7 bilhões e, segundo o "The Wall Street Journal", as perdas do UBS podem bater em US$ 7,1 bilhões. "As incertezas [sobre o tamanho do rombo] vão prosseguir. Não acho que os bancos estejam escondendo alguma coisa a respeito, é que é difícil mesmo mensurar o problema. Conforme eles aparecem, são divulgados, então é provável que ainda enfrentemos alguma turbulência nos próximos meses", afirma Oscar Gonzalez, economista da administradora de seguros e investimentos John Hancock Financial Services.
Com os investidores cautelosos diante desses dados, o mercado financeiro americano teve um dia ruim. A Bolsa de Nova York recuou 0,91% e a Nasdaq (que negocia ações de empresas de tecnologia) caiu 0,98%. Devido ao feriado da Proclamação da República, não houve expediente na Bovespa.
Nos EUA, as atenções ficarão concentradas, daqui para a frente, no comportamento dos consumidores, cujos gastos respondem por dois terços do PIB (Produto Interno Bruto). Após as comemorações de Ação de Graças, no dia 22, começa a temporada de compras -daí surgirão pistas consistentes a respeito da possibilidade e do tamanho de uma desaceleração da maior economia do planeta.
Na opinião de Gonzalez, o Fed tende a esperar a situação acomodar um pouco, deixando passar o pior do nervosismo, para retomar os cortes de juros no início de 2008.


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