São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2008

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G20 quer fechar proposta final até março

Entre as medidas, estão uma maior regulamentação do sistema financeiro global e a ampliação do papel do FMI na prevenção de crises

Como ação mais urgente, os países adotarão de forma individual, mas coordenada, estímulos fiscais para tentar reativar as suas economias


FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

Os líderes das maiores economias do mundo reunidos ontem em Washington esperam concluir até o fim do primeiro trimestre de 2009 algumas das propostas concretas para tentar alterar e aprofundar marcos regulatórios para o setor financeiro global.
Na tarde de ontem, o G20, que reúne os países industrializados e emergentes como Brasil e China, detalharia as ações que os governos devem tomar nas próximas semanas para tentar reduzir os efeitos da atual crise financeira.
Entre as medidas mais urgentes, os países devem adotar individualmente, mas de forma coordenada, novos estímulos fiscais para tentar aquecer suas economias, principalmente nos Estados Unidos e na União Européia, que já declarou oficialmente ter entrado em recessão. Nos EUA, o crescimento já foi negativo no terceiro trimestre, fato que deve se repetir nos três meses finais deste ano.
"Obviamente, essa crise não terminou. Fizemos progressos, mas há muito trabalho a ser feito", disse o presidente dos EUA, George W. Bush, ao chegar à reunião ontem pela manhã, no Museu Nacional de Washington. Na noite de sexta, Bush promoveu um jantar com os líderes na Casa Branca. Sentou ao lado do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e do líder chinês, Hu Jintao.
A China já anunciou na semana passada um pacote de quase US$ 600 bilhões para estimular sua economia. No caso do Brasil, o ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou que medidas adicionais serão tomadas se necessário. Segundo ele, como a economia vinha crescendo até recentemente a uma taxa de 6% ao ano, novos estímulos não seriam necessários por enquanto.

Heterodoxia
Montek Singh Ahluwalia, um dos principais assessores econômicos do governo indiano, defendeu "medidas heterodoxas e especiais" neste momento para afastar o perigo de a atual fase de recessão "se transformar em uma depressão".
Ao longo do próximo ano, de acordo com previsões elaboradas pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), o crescimento global será sustentado exclusivamente pelos países emergentes, já que todas as economias avançadas (a única exceção é o Canadá) devem passar por uma recessão.
Mas muitos emergentes, especialmente os asiáticos, em particular a China, são fortemente dependentes das exportações para norte-americanos e europeus. Com esses mercados desaquecendo, suas economias também devem esfriar, daí a necessidade de estímulos fiscais para aquecer o mercado doméstico.
Segundo algumas autoridades européias, era possível que fosse determinada a data de 31 de março como prazo para que grupos de trabalho criados ontem apresentassem propostas a serem analisadas e eventualmente avaliadas em conjunto pelos líderes do G20.
Entre as medidas, constam a eventual ampliação da regulamentação do sistema financeiro global, com regras mais padronizadas para vários tipos de operação financeira, e mecanismos para garantir linhas de crédito para o comércio exterior dos países em desenvolvimento.
Os países também discutiram uma ampliação do papel do FMI na prevenção de novas crises, além de um aumento do seu poder de fogo para socorrer economias em dificuldades. O Japão sinalizou ter disponíveis US$ 100 bilhões para reforçar o caixa do Fundo.


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de US$ 7,6 bi

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