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G20 quer fechar proposta final até março
Entre as medidas, estão uma maior regulamentação do sistema financeiro global e a ampliação do papel do FMI na prevenção de crises
Como ação mais urgente, os
países adotarão de forma
individual, mas coordenada,
estímulos fiscais para tentar
reativar as suas economias
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
Os líderes das maiores economias do mundo reunidos ontem em Washington esperam
concluir até o fim do primeiro
trimestre de 2009 algumas das
propostas concretas para tentar alterar e aprofundar marcos
regulatórios para o setor financeiro global.
Na tarde de ontem, o G20,
que reúne os países industrializados e emergentes como Brasil e China, detalharia as ações
que os governos devem tomar
nas próximas semanas para
tentar reduzir os efeitos da
atual crise financeira.
Entre as medidas mais urgentes, os países devem adotar
individualmente, mas de forma
coordenada, novos estímulos
fiscais para tentar aquecer suas
economias, principalmente
nos Estados Unidos e na União
Européia, que já declarou oficialmente ter entrado em recessão. Nos EUA, o crescimento já foi negativo no terceiro trimestre, fato que deve se repetir
nos três meses finais deste ano.
"Obviamente, essa crise não
terminou. Fizemos progressos,
mas há muito trabalho a ser feito", disse o presidente dos EUA,
George W. Bush, ao chegar à
reunião ontem pela manhã, no
Museu Nacional de Washington. Na noite de sexta, Bush
promoveu um jantar com os líderes na Casa Branca. Sentou
ao lado do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e
do líder chinês, Hu Jintao.
A China já anunciou na semana passada um pacote de
quase US$ 600 bilhões para estimular sua economia. No caso
do Brasil, o ministro Guido
Mantega (Fazenda) afirmou
que medidas adicionais serão
tomadas se necessário. Segundo ele, como a economia vinha
crescendo até recentemente a
uma taxa de 6% ao ano, novos
estímulos não seriam necessários por enquanto.
Heterodoxia
Montek Singh Ahluwalia, um
dos principais assessores econômicos do governo indiano,
defendeu "medidas heterodoxas e especiais" neste momento
para afastar o perigo de a atual
fase de recessão "se transformar em uma depressão".
Ao longo do próximo ano, de
acordo com previsões elaboradas pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), o crescimento global será sustentado
exclusivamente pelos países
emergentes, já que todas as
economias avançadas (a única
exceção é o Canadá) devem
passar por uma recessão.
Mas muitos emergentes, especialmente os asiáticos, em
particular a China, são fortemente dependentes das exportações para norte-americanos e
europeus. Com esses mercados
desaquecendo, suas economias
também devem esfriar, daí a
necessidade de estímulos fiscais para aquecer o mercado
doméstico.
Segundo algumas autoridades européias, era possível que
fosse determinada a data de 31
de março como prazo para que
grupos de trabalho criados ontem apresentassem propostas a
serem analisadas e eventualmente avaliadas em conjunto
pelos líderes do G20.
Entre as medidas, constam a
eventual ampliação da regulamentação do sistema financeiro global, com regras mais padronizadas para vários tipos de
operação financeira, e mecanismos para garantir linhas de
crédito para o comércio exterior dos países em desenvolvimento.
Os países também discutiram uma ampliação do papel
do FMI na prevenção de novas
crises, além de um aumento do
seu poder de fogo para socorrer
economias em dificuldades. O
Japão sinalizou ter disponíveis
US$ 100 bilhões para reforçar o
caixa do Fundo.
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