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análise
Até os bancos pedem ao G20 mais regulação
DO ENVIADO A WASHINGTON
Enquanto os líderes do
G20 se preparavam para a
reunião em Washington a
fim de tentar evitar o risco
de uma depressão mundial, os verdadeiros "donos da crise", os bancos, se
reuniram bem longe dali, a
quase 400 km de distância, em Nova York.
Como esperado, nada de
urgente sai do encontro
dos líderes mundiais patrocinado pelo "pato manco" George W. Bush, de
malas prontas para deixar
a Casa Branca em pouco
mais de dois meses.
Mas os chefes de Estado
concordaram em trabalhar no sentido de estimular de forma coordenada
suas economias e discutir
uma eventual nova regulamentação para o mercado.
Embora exista uma
enorme nuvem de ceticismo em relação ao progresso desse segundo tema (a
posição da China, por
exemplo, é um completo
mistério), ele ganhou até
alguns comentários favoráveis de Bush. O que interessa é que seu sucessor,
Barack Obama, é ainda
menos avesso ao tema.
O mais relevante, porém, é que os próprios
bancos, agora extremamente descapitalizados,
estão tão dependentes da
ajuda estatal e do dinheiro
dos contribuintes -além
de desmoralizados por
suas ações- que parecem
estar topando qualquer
negócio para se manterem
acima da linha d'água.
Até aqui, os EUA já injetaram US$ 290 bilhões em
dinheiro público em bancos privados e na seguradora AIG. E preparam
aportes de outros bilhões
em mais 20 instituições
com problemas.
Enquanto os líderes
mundiais se reuniam em
Washington, o encontro
dos banqueiros em Nova
York foi patrocinado pelo
IIF (Instituto de Finanças
Internacionais, na sigla
em inglês). O clube reúne
os 390 maiores bancos do
mundo e é capitaneado
pelo Citigroup e pelo
Deutsch Bank.
Ao final da reunião, os
banqueiros não apenas assumiram "a responsabilidade pela adoção de regras
frouxas que levaram à
atual crise" como afirmaram, em comunicado formal dirigido ao G20, que
uma "reforma regulatória
(...) e novas formas de diálogo entre os setores público e privado são essenciais para reforçar o funcionamento do sistema financeiro mundial".
Os banqueiros também
recomendaram no documento a ampliação da participação das economias
emergentes, como Brasil e
China, nas decisões e na
formatação de políticas de
órgãos multilaterais, como
o FMI e o Banco Mundial.
Como sinal desses novos tempos, os países
avançados, que por vários
anos vinham resistindo a
mudanças nesse sentido,
também vêm se mostrando muito mais flexíveis.
Além de as previsões para 2009 indicarem que os
países emergentes serão
responsáveis pela totalidade do crescimento
mundial (já que as economia avançadas estarão em
recessão), são basicamente eles quem hoje financiam, com suas reservas,
os enormes déficits entre
os desenvolvidos.
(FERNANDO CANZIAN)
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