São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2008

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análise

Até os bancos pedem ao G20 mais regulação

DO ENVIADO A WASHINGTON

Enquanto os líderes do G20 se preparavam para a reunião em Washington a fim de tentar evitar o risco de uma depressão mundial, os verdadeiros "donos da crise", os bancos, se reuniram bem longe dali, a quase 400 km de distância, em Nova York.
Como esperado, nada de urgente sai do encontro dos líderes mundiais patrocinado pelo "pato manco" George W. Bush, de malas prontas para deixar a Casa Branca em pouco mais de dois meses.
Mas os chefes de Estado concordaram em trabalhar no sentido de estimular de forma coordenada suas economias e discutir uma eventual nova regulamentação para o mercado.
Embora exista uma enorme nuvem de ceticismo em relação ao progresso desse segundo tema (a posição da China, por exemplo, é um completo mistério), ele ganhou até alguns comentários favoráveis de Bush. O que interessa é que seu sucessor, Barack Obama, é ainda menos avesso ao tema.
O mais relevante, porém, é que os próprios bancos, agora extremamente descapitalizados, estão tão dependentes da ajuda estatal e do dinheiro dos contribuintes -além de desmoralizados por suas ações- que parecem estar topando qualquer negócio para se manterem acima da linha d'água.
Até aqui, os EUA já injetaram US$ 290 bilhões em dinheiro público em bancos privados e na seguradora AIG. E preparam aportes de outros bilhões em mais 20 instituições com problemas.
Enquanto os líderes mundiais se reuniam em Washington, o encontro dos banqueiros em Nova York foi patrocinado pelo IIF (Instituto de Finanças Internacionais, na sigla em inglês). O clube reúne os 390 maiores bancos do mundo e é capitaneado pelo Citigroup e pelo Deutsch Bank.
Ao final da reunião, os banqueiros não apenas assumiram "a responsabilidade pela adoção de regras frouxas que levaram à atual crise" como afirmaram, em comunicado formal dirigido ao G20, que uma "reforma regulatória (...) e novas formas de diálogo entre os setores público e privado são essenciais para reforçar o funcionamento do sistema financeiro mundial".
Os banqueiros também recomendaram no documento a ampliação da participação das economias emergentes, como Brasil e China, nas decisões e na formatação de políticas de órgãos multilaterais, como o FMI e o Banco Mundial.
Como sinal desses novos tempos, os países avançados, que por vários anos vinham resistindo a mudanças nesse sentido, também vêm se mostrando muito mais flexíveis.
Além de as previsões para 2009 indicarem que os países emergentes serão responsáveis pela totalidade do crescimento mundial (já que as economia avançadas estarão em recessão), são basicamente eles quem hoje financiam, com suas reservas, os enormes déficits entre os desenvolvidos.
(FERNANDO CANZIAN)


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