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FMI pede mais gastos e menos impostos
Instado a ser mais atuante, Fundo sugere política fiscal "agressiva"
Para Strauss-Kahn, diretor-gerente, crise atual dará mais impulso às propostas de reformular a atuação da entidade e do Banco Mundial
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Instado pelos membros do
G20 a ter um papel mais ativo
na solução da crise econômica
mundial e na prevenção de futuras crises, o Fundo Monetário Internacional (FMI) apresentou ontem sua receita: para
o primeiro caso, que os governos gastem mais e cortem impostos; para o segundo, um papel maior de supervisão global
para a entidade multilateral.
O modelo foi apresentado
por seu diretor-gerente, o francês Dominique Strauss-Kahn,
que participou da reunião dos
líderes ontem, em Washington.
"Há algum lugar para política
monetária em algumas partes
do mundo, não em todas, e outra ferramenta tradicional é a
política comercial", disse o
francês em entrevista coletiva
na sede do Fundo, na noite de
ontem, sobre a crise. "Mas as
duas não são suficientes, e a recuperação não virá sozinha."
Para que isso aconteça, recomendou DSK, como é chamado
o diretor-gerente do FMI, é
preciso uma utilização mais
agressiva da política fiscal. "Se
há um momento na história
econômica moderna em que o
estímulo fiscal deve ser utilizado é agora", afirmou. "A inflação está perto de zero no mundo hoje, alguns acham que há
até risco de deflação, então não
há riscos de usar política fiscal."
Pelos cálculos do FMI, cada
pacote de estímulo fiscal de 1%
do PIB (Produto Interno Bruto) resulta num crescimento
igual da economia. "Alguns argumentam que quando você
tem um estímulo fiscal desse
tamanho, o crescimento da
economia é menor", afirmou
Strauss-Kahn. "Isso é verdade
quando o estímulo acontece
num só país. Se a ação é coordenada, o resultado pode ser muito maior."
É por isso que o Fundo está
recomendando uma ação conjunta dos países, de implantar
pacotes fiscais que combinem
aumento dos gastos e corte nos
impostos de até 2% do PIB. Se
forem coordenados por região,
resultarão num salto de 2% da
economia, disse Strauss-Kahn.
"É claro que a questão não é
só de estímulo, mas qual o tipo
e qual é o mais efetivo", disse o
diretor-gerente. "Não há um
modelo único para todos os
países."
Novo papel do FMI
Sobre o futuro da entidade,
ele disse que prevê que "nosso
papel de supervisão é um papel
que certamente vai aumentar."
A previsão chega num momento em que a necessidade de o
FMI ser reformado e repensar
seu papel na economia global
foi citada pelo comunicado final do G20 e repetida por George W. Bush. "Nós deveríamos
reformar as instituições financeiras internacionais", disse o
presidente dos EUA.
Para Bush, entidades como o
FMI e o Banco Mundial "são
muito importantes, mas eram
baseadas na ordem econômica
de 1944. E nós concordamos
que, para refletir melhor as realidades da economia global de
hoje, deveriam modernizar as
estruturas de governança."
Sobre isso, Strauss-Kahn
mostrou-se parcialmente cético. "Muito tem sido dito sobre
isso, comparações com Bretton
Woods, mas confesso que ouço
esse discurso há tempos, sem
resultados concretos, como logo após a crise asiática" dos
anos 90. A diferença agora, para
Strauss-Kahn, é que o processo
de reforma começou "enquanto estamos no meio da crise".
Assim, ele acha que o processo
tem mais chances de dar certo.
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