São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2008

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Papel e celulose lideram despesas com dólar e juros

DA REPORTAGEM LOCAL

No terceiro trimestre, em que o dólar subiu 20%, os setores de energia, siderurgia e telecomunicações lideraram o ranking de lucros líquidos -os ganhos foram de R$ 2,157 bilhões, R$ 1,926 bilhão e R$ 1,317 bilhão, respectivamente, segundo a consultoria Economática. O levantamento analisa 192 empresas, excluindo Vale, Petrobras e o setor financeiro.
Só o setor de papel e celulose -composto por Aracruz, Suzano, VCP, Klabin, Melhoramentos e Melpaper- respondeu por um terço das despesas financeiras com juros e câmbio apurados.
Esse segmento, que terminou o trimestre com prejuízo líquido de R$ 2,792 bilhões, teve despesas financeiras de R$ 4,574 bilhões de julho a setembro -em igual período de 2007, ganhou R$ 433,3 milhões com câmbio e juros da dívida.
"Os ajustes cambiais são sempre realizados ao final do período, enquanto as exportações são feitas no decorrer do trimestre. Por isso, uma coisa acaba não compensando a outras", diz Monica Araújo, analista da corretora Ativa.
Segundo ela, o setor de papel e celulose estava, neste ano, em processo de investimento e por isso tinha aumentado o endividamento em moeda estrangeira. "A Aracruz é um ponto fora da curva, uma exceção, por causa do tamanho da sua posição em derivativos cambiais e das perdas com esses instrumentos", afirma Araújo, explicando que a companhia puxou para baixo os resultados do setor.
As empresas já anunciaram um alongamento do seu cronograma de projetos, mas, na opinião de Araújo, o quarto trimestre deve ser difícil para elas por causa da queda dos preços das commodities.
Depois de papel e celulose, siderurgia (R$ 2,418 bilhões) e química (R$ 2,251 bilhões) foram os que tiveram as maiores despesas com a variação cambial no trimestre.
Para Ricardo Tadeu Martins, gerente de análise da corretora Planner, assim como o varejo doméstico, os setores de energia e de telecomunicações se destacaram no terceiro trimestre.
Apesar de as empresas de telecomunicações e energia terem dívidas em dólares e receitas em reais, os setores equilibraram o impacto da despesas financeiras. "Apesar de expostos ao câmbio, não tiveram despesa da magnitude da do setor de papel e celulose. Como têm receitas mais ou menos fixas, costumam ser setores defensivos em momentos de crise", disse Martins.


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