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São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 2003

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TENSÃO PRÉ-COPOM

Focus estima queda de 1 ponto, mas instituições que mais acertam previsões esperam mais ousadia do Copom

Cresce aposta em corte de 1,5 ponto na Selic

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Na semana em que acontece a última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do ano, cresceram as apostas de que a taxa básica de juros da economia (Selic) será reduzida de 17,5% para 16% anuais.
As expectativas levantadas pelo boletim Focus do BC, a partir das projeções das cinco instituições que mais acertam o comportamento dos indicadores econômicos (chamadas de Top 5), apontam Selic de 16,09% para este mês. Há quatro semanas, essa projeção era de 17,36%.
Na Bolsa de Mercadorias & Futuros, a projeção de juros para o fim do ano do contrato DI (que acompanha taxas interbancárias) fechou em 16,39%. Há uma semana estava em 16,61%.
Esse contrato foi o mais girado no pregão de ontem, concentrando 36,5% dos negócios realizados com DI.
Dentre os bancos que esperam que os juros caiam para 16% estão o Citibank e o BankBoston.
Carlos Kawall, economista-chefe do Citibank, diz que os sinais de recuperação da economia são positivos, "mas não com forças suficientes para ameaçar a inflação".
O Copom é um comitê formado por nove membros da diretoria do Banco Central que decide uma vez por mês o rumo dos juros básicos da economia. A próxima decisão será anunciada amanhã.

Dúvida
Mesmo instituições financeiras que não querem cravar que o BC deve reduzir os juros para 16%, não descartam essa possibilidade.
"Creio que os juros irão cair para 16,5%. Mas há argumentos convincentes, como a inflação sob controle e a estabilidade do câmbio, para acreditarmos que pode vir um corte de 1,5 ponto percentual", afirma Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos.
Roberto Troster, economista-chefe da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), diz que, se tivesse que fazer uma projeção, apostaria que a Selic será cortada em 1 ponto percentual. "Mas tenho minhas dúvidas. Há horas que acredito que o corte será de 1 ponto percentual, há horas que penso que será de 1,5 ponto percentual", diz Troster.
Desde que o IBGE divulgou os dados referentes ao desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) no terceiro trimestre, os bancos passaram a rever suas projeções, com muitos passando a apostar que havia espaço para uma redução mais forte dos juros.
O mercado esperava que o resultado do PIB para o período fosse melhor que o apresentado. Com isso, aumentou a possibilidade de o Copom reduzir os juros de forma menos conservadora. No mês passado, o Copom decidiu cortar os juros em 1,5 ponto percentual, surpreendendo o mercado, que esperava redução de até 1 ponto.

Monitoramento
Vários são os dados econômicos acompanhados pelas instituições financeiras para fazerem suas projeções e pelo Copom para decidir o rumo dos juros. A evolução dos índices de preços, os dados referentes ao desempenho da produção e do consumo e a volatilidade do câmbio estão entre os principais pontos.
O fato de a inflação e o dólar demonstrarem não ser uma ameaça neste momento -como foram no segundo semestre do ano passado - faz com que os bancos tenham certeza de que os juros serão reduzidos novamente nesta semana.
Se há dúvidas, são em relação ao tamanho da redução que virá.
O Banco Central passou a elevar os juros no fim do ano passado para conter a escalada da inflação. Apenas quando a inflação passou a arrefecer, o BC decidiu reduzir os juros. A taxa básica recuou de 26,5% em maio para os atuais 17,5% ao ano.


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