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TENSÃO PRÉ-COPOM
Focus estima queda de 1 ponto, mas instituições que mais acertam previsões esperam mais ousadia do Copom
Cresce aposta em corte de 1,5 ponto na Selic
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Na semana em que acontece a
última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do ano,
cresceram as apostas de que a taxa
básica de juros da economia (Selic) será reduzida de 17,5% para
16% anuais.
As expectativas levantadas pelo
boletim Focus do BC, a partir das
projeções das cinco instituições
que mais acertam o comportamento dos indicadores econômicos (chamadas de Top 5), apontam Selic de 16,09% para este mês.
Há quatro semanas, essa projeção
era de 17,36%.
Na Bolsa de Mercadorias & Futuros, a projeção de juros para o
fim do ano do contrato DI (que
acompanha taxas interbancárias)
fechou em 16,39%. Há uma semana estava em 16,61%.
Esse contrato foi o mais girado
no pregão de ontem, concentrando 36,5% dos negócios realizados
com DI.
Dentre os bancos que esperam
que os juros caiam para 16% estão
o Citibank e o BankBoston.
Carlos Kawall, economista-chefe do Citibank, diz que os sinais de
recuperação da economia são positivos, "mas não com forças suficientes para ameaçar a inflação".
O Copom é um comitê formado
por nove membros da diretoria
do Banco Central que decide uma
vez por mês o rumo dos juros básicos da economia. A próxima decisão será anunciada amanhã.
Dúvida
Mesmo instituições financeiras
que não querem cravar que o BC
deve reduzir os juros para 16%,
não descartam essa possibilidade.
"Creio que os juros irão cair para 16,5%. Mas há argumentos
convincentes, como a inflação sob
controle e a estabilidade do câmbio, para acreditarmos que pode
vir um corte de 1,5 ponto percentual", afirma Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos.
Roberto Troster, economista-chefe da Febraban (Federação
Brasileira de Bancos), diz que, se
tivesse que fazer uma projeção,
apostaria que a Selic será cortada
em 1 ponto percentual. "Mas tenho minhas dúvidas. Há horas
que acredito que o corte será de 1
ponto percentual, há horas que
penso que será de 1,5 ponto percentual", diz Troster.
Desde que o IBGE divulgou os
dados referentes ao desempenho
do PIB (Produto Interno Bruto)
no terceiro trimestre, os bancos
passaram a rever suas projeções,
com muitos passando a apostar
que havia espaço para uma redução mais forte dos juros.
O mercado esperava que o resultado do PIB para o período fosse melhor que o apresentado.
Com isso, aumentou a possibilidade de o Copom reduzir os juros
de forma menos conservadora.
No mês passado, o Copom decidiu cortar os juros em 1,5 ponto
percentual, surpreendendo o
mercado, que esperava redução
de até 1 ponto.
Monitoramento
Vários são os dados econômicos
acompanhados pelas instituições
financeiras para fazerem suas
projeções e pelo Copom para decidir o rumo dos juros. A evolução dos índices de preços, os dados referentes ao desempenho da
produção e do consumo e a volatilidade do câmbio estão entre os
principais pontos.
O fato de a inflação e o dólar demonstrarem não ser uma ameaça
neste momento -como foram
no segundo semestre do ano passado - faz com que os bancos tenham certeza de que os juros serão reduzidos novamente nesta
semana.
Se há dúvidas, são em relação ao
tamanho da redução que virá.
O Banco Central passou a elevar
os juros no fim do ano passado
para conter a escalada da inflação.
Apenas quando a inflação passou
a arrefecer, o BC decidiu reduzir
os juros. A taxa básica recuou de
26,5% em maio para os atuais
17,5% ao ano.
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