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SALTO NO ESCURO
Prazo para renegociação da dívida de US$ 1,2 bi da americana venceu ontem, mas conversas vão prosseguir
BNDES e AES ainda não chegam a acordo
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
Depois de um fim de semana de
discussões, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a AES não fecharam ontem o acordo de renegociação da dívida de US$ 1,2 bilhão da empresa americana com o
banco estatal.
O memorando de entendimento assinado pelo banco e a AES em
setembro vencia ontem, mas as
negociações não avançaram e devem se arrastar por esta semana.
De acordo com o que a Folha
apurou, o BNDES poderá estender por mais alguns dias o memorando de entendimento.
O banco tem interesse em assinar o acordo de renegociação da
dívida com a AES para evitar fechar o ano com prejuízo.
O problema é que as negociações estão avançando em ritmo
lento e ontem era difícil prever
uma data para o fechamento do
acordo. Os documentos finais para a celebração do acordo nem começaram a ser rascunhados.
O memorando de entendimento assinado pelo banco e pela AES
previa a criação de uma nova empresa, a Novacom, que incluiria
os principais ativos da empresa
americana. Entre elas, a AES Tietê
(geradora), a mais lucrativa subsidiária da AES no Brasil, a AES Eletropaulo (distribuidora), a AES
Uruguaina (termelétrica) e a AES
Sul (distribuidora).
O grande impasse para fechar o
acordo entre a AES e o BNDES
continua sendo a inclusão da AES
Tietê na Novacom. As ações da
Tietê foram dadas como garantia
de um empréstimo de US$ 300
milhões feito pela AES nos EUA, e
a empresa americana não conseguiu a autorização dos credores
externos para desembaraçar essas
ações.
"Empresas de papel"
Na semana passada, Carlos Lessa, presidente do BNDES, chegou
a admitir a possibilidade de a renegociação da dívida da AES com
o banco incluir filiais da empresa
americana localizadas em paraísos fiscais que controlem os bens
da AES no Brasil. São as chamadas "empresas de papel".
O objetivo do BNDES era de encontrar uma saída para substituir
a AES Tietê na Novacom. Na auditoria feita nas últimas semanas
nas contas da empresa americana, o BNDES descobriu que todas
as suas subsidiárias são controladas por holdings e subholdings
com sedes em paraísos fiscais.
Se essas empresas situadas em
paraísos fiscais integrassem o ativo da Novacom, isso corresponderia a também deter o controle
das subsidiárias, com a AES Tietê.
Para fazer essa mudança no
acordo, no entanto, a AES teria
que assinar um compromisso garantindo que os bens dessas empresas localizadas em paraísos fiscais estariam desimpedidos de
qualquer ônus. Caso contrário, o
acordo seria imediatamente desfeito e a AES estaria sujeita às sanções previstas no contrato.
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